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Mulheres são mais visadas por perfis de fake news, diz Daniela Lima

Ana Paula Bimbati

Do UOL, em São Paulo

17/08/2021 14h53Atualizada em 17/08/2021 14h53

Vítima de fake news e distorções, a jornalista e apresentadora do "CNN 360º", Daniela Lima, afirma que as mulheres são as mais "visadas" por perfis de desinformações.

"Eles [pessoas que criam e divulgam fake news] querem acabar, criticar, deslegitimar a imprensa e os alvos são rotativos. Nós, mulheres, porém somos as mais visadas e atacadas", disse Daniela.

Ela foi a convidada do programa "Jornalistas e Etc." de hoje. O programa é apresentado pela colunista do UOL Thaís Oyama. Você pode assistir a todos os programas do UOL no Canal UOL.

Recentemente, um perfil anônimo no Twitter fez uma montagem com imagens simulando uma reportagem do portal G1. O texto trazia uma suposta frase dita por Daniela sobre o incêndio cometido por manifestantes na estátua de Borba Gato, na zona sul de São Paulo. "Foi um incêndio pacífico e todos estavam de máscara", teria dito a jornalista.

A informação era falsa e foi desmentida por Daniela. O episódio foi ainda mais "infeliz", porque ocorreu na mesma data que a jornalista encontrou sua mãe, após mais de ano distantes devido à pandemia do coronavírus.

"Já tinha sido vítima de uma série de distorções, mas nesse caso fiquei incomodada porque inventaram e pegou", contou. A jornalista disse ainda que teve momentos que "não passava uma semana sem ser alvo" de ataques de fake news.

A partir disso, ela passou a consultar advogados. Na mais recente situação sofrida, Daniela afirma que vai processar os autores do perfil anônimo tanto na esfera civil quanto na criminal. "Tem difamação, imputação de uma fala que eu não disse, dano moral, de imagem e, no mínimo, vou atrás do espaço de retratação dos veículos que publicaram uma mentira como se fosse verdade", explicou.

Sem respostas das redes sociais

Como o perfil é anônimo, a jornalista relatou que é ainda mais difícil o processo. Ela chegou a pedir para o Twitter mais informações, mas não recebeu.

"A resposta que eu tive falando com um executivo [do Twitter], que conheço porque já havia trabalhado na Folha [de São Paulo], foi que ele não tem como fazer juízo de valor do que é verdadeiro ou falso e que eu precisaria buscar a Justiça", contou Daniela.

Para ela, as redes sociais precisam colaborar em casos de ataques sofridos por jornalistas. "O ambiente não pode desproteger tanto e favorecer quem usa aquilo só para destratar", apontou.

As redes sociais não podem fingir que não têm participação disso, elas se alimentam do conteúdo que produzimos. Não tenho rede social para fazer exposição da vida pessoal, ela é de trabalho, porque a informação precisa seguir o mais longe possível.
Daniela Lima, jornalista

'Pressão é inédita' em governo Bolsonaro

Daniela também comentou sobre declarações que lê nas redes sociais questionando onde ela esteve em 2016, por exemplo, quando Michel Temer assumiu a Presidência. "Sempre estive trabalhando."

Ela relatou que, anos atrás, sofreu uma agressão física de um militante durante um evento do PT. A diferença, segundo Daniela, é que, nessa situação, houve um posicionamento formal e pedidos de desculpas do partido e também da Secretaria de Comunicação da ex-presidente Dilma Rousseff.

"Esse pedido de desculpa pode parecer pouco, mas significa muito e é tudo o que a gente não tem hoje", apontou a jornalista. Daniela destacou ainda que é importante dizer que o jornalismo não mudou por conta do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) "e não pode mudar, mas, de fato, a pressão é inédita".

Malabarismo: apurar e apresentar em tempo real

Em 2020, Daniela passou a ser apresentadora do "CNN 360º". Em sua avaliação, o trabalho de buscar a notícia ao vivo no canal pago e, ao mesmo tempo, apresentar o telejornal é um verdadeiro "malabarismo".

"O esforço para colocar o jornal no ar é monumental. Ao mesmo tempo, toda vez que termina, o alívio é tão grande: 'Ufa, entreguei mais um', 'sobrevivemos' e vale a pena", contou a jornalista.

Como o telejornal dura quase três horas, Daniela faz exercícios vocais para cuidar da voz e também tenta manter uma rotina de exercícios físicos, já que fica o tempo inteiro em pé.