Criação da CPI da Prevent Senior empaca na Assembleia de São Paulo
Lucas Borges Teixeira
Do UOL, em São Paulo
06/10/2021 20h50Atualizada em 06/10/2021 20h50
A Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) adiou hoje a votação do pedido de urgência para a tramitação da CPI da Prevent Senior para investigar suspeitas contra a operadora. O pedido de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito foi assinado por 40 dos 94 deputados, de nove partidos.
Em uma queda de braço entre deputados petistas e tucanos contra colegas bolsonaristas, o adiamento foi considerado uma vitória por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e uma perda de força na investigação do plano da empresa, acusada por ex-funcionários de submeter pacientes a experiências com o "kit covid" — conjunto de medicamentos ineficazes contra a doença — sem o conhecimento das famílias.
A votação foi adiada por não haver quórum mínimo de 48 deputados presentes para dar votação — só havia 35. Durante duas horas e meia, um grupo com cerca de 15 deputados conseguiram obstruir a sessão até as 19h, quando foi encerrada, sem previsão de nova votação de urgência.
A proposta não foi colocada na pauta de amanhã pelo presidente Carlão Pignatari (PSDB-SP) e não deverá ser votada nem na próxima semana, por causa do feriadão do dia 12.
A favor do projeto, estava presente a maioria das bancadas do PT, do PSOL e do PSDB, mas sem grande parte dos próprios parlamentares que assinaram a proposta. A expectativa de que deputados tenham mudado de opinião sobre a investigação inquietou parlamentares.
"Precisamos ver o que aconteceu, claramente não estava todo mundo aí", disse o deputado Paulo Fiorilo (PT-SP).
O objetivo da proposta de urgência é acelerar o trâmite do projeto de resolução proposto para criar a CPI. Caso seja aprovada, a análise das comissões poderá ser feita conjuntamente, de uma única vez, sem ter de passar pelo trâmite comum, e a discussão ser levada a Plenário em poucos dias. Na votação geral, precisa de maioria simples dos presentes para ser instalada.
A base bolsonarista e opositora ao governador João Doria (PSDB-SP) obstruiu a sessão com quatro pedidos contagem de presentes. Nesta noite, a oposição conseguiu protocolar um pedido de CPI para investigar os gastos com publicidade pela gestão Doria.
"Quando eles [governistas] querem, eles aprovam rapidinho, o que quiserem. Então isso mostra que tem muita gente ali no meio que não está convicta dessa investigação", afirmou o deputado Gil Diniz (sem partido), que, sozinho, pediu contagem três vezes.
Como o projeto teve 40 assinaturas, os favoráveis precisariam apenas garantir presença para aprovar um projeto.
"Agora, o trâmite demora ainda mais. Se queriam investigar de verdade tinham de ter comparecido, o que houve?", questionou Carlos Giannazi (PSOL-SP).