Topo

CPI dá 48h para Guedes falar sobre auxílio, imunidade de rebanho e Prevent

4.ago.2021 - O ministro da Economia, Paulo Guedes, durante cerimônia de posse de Ciro Nogueira (PP) na Casa Civil - Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo
4.ago.2021 - O ministro da Economia, Paulo Guedes, durante cerimônia de posse de Ciro Nogueira (PP) na Casa Civil Imagem: Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

06/10/2021 17h37Atualizada em 06/10/2021 18h05

A CPI da Covid aprovou hoje um requerimento com série de questionamentos ligados à pandemia da covid-19 a serem respondidos pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em até 48 horas.

O requerimento apresentado pelos senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) foi usado como uma alternativa ao fato de que Guedes não será ouvido em depoimento na CPI. Esta semana é a última de depoimentos.

Entre os assuntos abordados pelos senadores estão:

  • valores e funcionamento do programa social Auxílio Brasil;
  • a possibilidade de pagamento de indenizações às vítimas da covid-19;
  • o posicionamento da pasta perante o uso do chamado kit covid ao longo da pandemia;
  • a relação entre políticas econômicas do governo com medidas adotadas pela Prevent Senior;
  • a opinião dele quanto à tese da imunidade de rebanho;
  • a relação dele com supostos membros do chamado gabinete paralelo;
  • o orçamento para o combate à pandemia em 2022;
  • a participação do Ministério da Economia na orientação ao governo quanto à MP das Vacinas, que acabou destravando a compra do imunizante da Pfizer;
  • as atitudes do Ministério da Economia relativas à falta de oxigênio medicinal em Manaus;
  • se ele e a família do ministro se vacinaram contra a covid-19 no Brasil.

Ao todo, são 21 perguntas endereçadas a Paulo Guedes, algumas com subtópicos.

Em depoimento à CPI, a advogada Bruna Morato, que representa 12 médicos e ex-médicos da Prevent Senior disse que a empresa e supostos integrantes do chamado gabinete paralelo fizeram um "pacto" pró-hidroxicloroquina para evitar o lockdown pelo país. O gabinete paralelo seria um grupo de assessoramento informal à Presidência da República durante a pandemia à revelia das orientações do Ministério da Saúde.

Segunda a advogada, os médicos lhe relataram que existia interesse do Ministério da Economia para que o comércio e a indústria do país não parassem a fim de não haver um "abalo econômico muito grande". Por isso, formularam um "plano para que as pessoas pudessem sair às ruas sem medo".

Na lista de questionamentos a Guedes formulada pela CPI, não há perguntas relativas à manutenção de uma offshore em um paraíso fiscal por Guedes, conforme mostrou a investigação Pandora Papers, promovida pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos.

Hoje mais cedo, a Câmara dos Deputados aprovou convocar Guedes para que explique, no plenário da Casa, a existência de empresa no exterior. O ministro nega quaisquer irregularidades. Parte dos parlamentares questiona se Guedes foi beneficiado pessoalmente por decisões tomadas à frente da pasta da Economia nestes últimos anos.

Outros pedidos de informação da CPI

Além do questionário a Guedes, a CPI da Covid aprovou hoje requerimento para que os laboratórios Pfizer e Janssen, o Instituto Butantan e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) informem, também em até 48 horas, como estão as tratativas com o governo federal para o fornecimento de vacinas contra a covid-19 em 2022.

A comissão ainda quer saber a situação em que se encontram os eventuais acordos firmados.

"Durante as investigações que competem a esta CPI, restou evidente o atraso no fornecimento suficiente de vacinas contra a covid-19 à população brasileira no ano de 2021, motivado pelo descaso e pela falta de responsabilidade com que o governo federal tratou a questão", escreveu Randolfe Rodrigues no requerimento.

Por fim, a CPI aprovou requerimento para que a Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Amazonas preste informações sobre procedimento eventualmente instaurado para apurar suposta pressão da Unimed Manaus Sociedade Cooperativa Médica Ltda para que médicos conveniados aplicassem o chamado "tratamento precoce" contra a covid-19. A resposta deve ser enviada à CPI em até 10 dias.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.