Leite não colou campanha à de Bolsonaro, como Doria, diz prefeito tucano
O prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB-SP), simpatizante da candidatura do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, nas prévias do partido para candidatura à presidência em 2022, disse que a diferença entre o político gaúcho e o governador de São Paulo, João Doria, é que o paulista "colou" sua campanha na do hoje presidente, enquanto o primeiro não buscou vincular sua imagem ao bolsonarismo.
Em entrevista ao UOL News, o prefeito tucano falou sobre esse tema "espinhoso", já que ambos os governadores apoiaram Jair Bolsonaro no segundo turno da campanha presidencial em 2018, mas agora eles tentam se desvincular do presidente. Para Serra, a diferença é óbvia: enquanto Eduardo Leite declarou voto no atual mandatário para não reeleger o projeto de governo do PT, Doria "colou" sua imagem ao bolsonarismo, vide a isso o emblemático bordão "BolsoDoria".
"O Eduardo jamais negou suas convicções e declarações de votos. A campanha dele ao governo gaúcho não foi baseada na imagem do presidente, as declarações que ele fez [em apoio a Bolsonaro] foram mais por uma antítese ao projeto petista, do que propriamente colar [sua] campanha [ao do então presidenciável], uma simples constatação de um fato que tem diferenças entre outras campanhas de governador, como é o caso do governador de São Paulo", declarou Paulo Serra, acrescentando que "se [foi] um pecado ou não, um erro ou não, [isso] é outro julgamento", mas houve "um estilo diferente que foi adotado para a mesma declaração de voto dos dois".
Ao UOL News, Paulo Serra também explicou que seu apoio a Leite nas prévias do PSDB deve-se ao fato de ele enxergar no governador gaúcho a pessoa capaz de "unir" o Brasil e "quebrar a polarização" existente entre apoiadores de Jair Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda, o prefeito pontuou que Leite "é a grande novidade do cenário político eleitoral do país no momento".
"A gente espera que o tucanato veja que ele consegue quebrar a polarização, tem capacidade de agregar e unir", afirmou, ressaltando a "linha mais pacificadora" de Eduardo Leite, que busca primeiro "reunificar o PSDB" e, "depois, o Brasil". "Ele tem mais condições de ganhar as eleições, de disputar para valer, de quebrar a polarização", completou.
No primeiro debate realizado do partido nesta semana, promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico, tanto Leite como Doria afirmaram ter sido um erro ter apoiado a eleição de Jair Bolsonaro em 2018 e fizeram críticas ao atual presidente, sobretudo na condução da economia e na flexibilização do teto de gastos.
João Doria entrou para o mundo político em 2016, quando foi eleito prefeito de São Paulo. Naquela época, Doria era afilhado político do então governador do estado, Geraldo Alckmin. Não demorou, entretanto, para os dois romperem laços. Já em 2018, durante as eleições, Doria foi criticado por "esconder" Alckmin de sua empreitada para vencer o governo estadual.
No entanto, se de um lado João Doria tentou desvincular sua imagem da de Geraldo Alckmin, inclusive ainda no primeiro turno, do outro o governador "pegou carona" explicitamente no pleiteante à presidência Jair Bolsonaro, com o "BolsoDoria", embora hoje o governador tente negar esse fato.
Segundo Paulo Serra, Eduardo Leite foi mais discreto em seu apoio a Bolsonaro em 2018 e creditou seu voto ao político e ao cenário que o país enfrentava naquele momento. Em recente entrevista ao UOL News, o gaúcho, questionou se irão "culpar todos que votaram" no hoje chefe do Executivo Federal.
"Vamos colocar a responsabilidade nas dezenas de milhões de brasileiros que votaram no Bolsonaro? Todos que votaram nele votaram na expectativa de que fosse algo diferente. Essa responsabilidade pelo voto não é apropriada. Naquela eleição de 2018 votamos na expectativa de que fosse algo de diferente. De um lado, tínhamos a certeza de que a escolha pelo PT seria ruim para o país, de outro lado, tínhamos a dúvida", afirmou Leite.
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