Entidades israelitas condenam fala de Monark sobre partido nazista
Entidades como o Museu do Holocausto, a Conib (Confederação Israelita do Brasil) e a Federação Israelita de São Paulo divulgaram hoje notas em que condenam a fala do apresentador do podcast "Flow", Bruno Aiub, conhecido como Monark. No programa de ontem, ele defendeu a existência de um partido nazista no Brasil reconhecido por lei.
Para a federação, a manifestação foi "absolutamente inaceitável". "Manifestações como essa evidenciam o grau de descomprometimento do youtuber com a democracia e os direitos humanos", escreveu.
A confederação também se posicionou de maneira semelhante, reforçando que a defesa do discurso de ódio resulta em "consequências terríveis para a humanidade".
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"O nazismo prega a supremacia racial e o extermínio de grupos que considera 'inferiores'. Sob a liderança de Hitler, o nazismo comandou uma máquina de extermínio no coração da Europa que matou 6 milhões de judeus inocentes e também homossexuais, ciganos e outras minorias", comentou a entidade. "O discurso de ódio e a defesa do discurso de ódio trazem consequências terríveis para a humanidade, e o nazismo é sua maior evidência histórica."
Podcaster defendeu partido nazista
O comentário do podcaster ocorreu ontem durante entrevista com os deputados federais paulistas Kim Kataguiri (Podemos) e Tabata Amaral (PSB). "A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço, na minha opinião [...] Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei", disse ele.
O podcaster foi rebatido por Tabata, que afirmou que o nazismo coloca a população judaica em risco. "Liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca em risco coloca a vida do outro. O nazismo é contra a população judaica e isso coloca uma população inteira em risco", declarou a parlamentar.
No Brasil, é considerado crime fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas e objetos de divulgação do nazismo, conforme o artigo 1º da Lei 7.716/89. Caso seja caracterizado o ato de divulgar ou comercializar materiais com ideologia nazista, a pena pode variar entre um a três anos de prisão e multa.
Leia as notas na íntegra:
Federação Israelita de São Paulo
Na noite dessa segunda-feira (7), o host do "Flow Podcast", Bruno Aiub, o Monark, manifestou-se de modo absolutamente inaceitável enquanto entrevistava os deputados federais Kim Kataguiri e Tábata Amaral. Aiub defendeu, de forma expressa, o direito de alguém querer ser anti-judeu, bem como o direito à existência de um partido nazista no Brasil.
Mesmo contestado pela deputada Tábata Amaral, Monark insistiu que suas falas estariam escudadas no princípio da liberdade de expressão, demonstrando, a um só tempo, desconhecer a história do povo judeu, e a natureza de um princípio constitucional essencial, muitas vezes deturpado por aqueles que insistem em propagar um discurso que incita o ódio contra minorias.
Nós, da Federação Israelita do Estado de São Paulo, repudiamos de forma veemente esse discurso e reiteramos nosso compromisso em combater ideias que coloquem em risco qualquer minoria. Manifestações como essa evidenciam o grau de descomprometimento do youtuber com a democracia e os direitos humanos.
Conib
A Conib (Confederação Israelita do Brasil) condena de forma veeemente a defesa da existência de um partido nazista no Brasil e o "direito de ser antijudeu", feita pelo apresentador Monark, do Flow Podcast.
O nazismo prega a supremacia racial e o extermínio de grupos que considera "inferiores". Sob a liderança de Hitler, o nazismo comandou uma máquina de extermínio no coração da Europa que matou 6 milhões de judeus inocentes e também homossexuais, ciganos e outras minorias. O discurso de ódio e a defesa do discurso de ódio trazem consequências terríveis para a humanidade, e o nazismo é sua maior evidência histórica.
Museu do Holocausto
Em 2020, em nome de um "antitabu", o apresentador de podcast Bruno Aiub, conhecido como Monark, disse que conversaria "sem problemas" com Hitler. Ontem (07), foi além: se disse favorável a legalizar o partido nazista e que pessoas deveriam ter o direito de serem "antijudeus".
Respeitosamente, o convidamos a visitar o Museu do Holocausto de Curitiba. Será um prazer recebê-lo, Monark. Venha! Aqui, você perceberá que o nazismo foi muito além de pessoas exercendo, em suas palavras, o "direito de serem idiotas".
Aqui, aprenderá que o Partido Nazista refletia uma pequena minoria e que, por ter suas ideias de supremacia e extermínio consentidas, pôde crescer e perpetrar o Holocausto. Ser "antijudeu" não é ser contra um conjunto de ideias, mas contra a existência de um grupo de pessoas.
Aqui, Monark, você certamente verá que o indivíduo e suas liberdades, direitos e deveres não existem fora da sociedade. Portanto, a liberdade individual se limita quando se choca com a liberdade do Outro. É por isso que estamos sempre em alerta!
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