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Grupos neonazistas se espalham pelo Brasil e crescem 270% em 3 anos

Células de grupos neonazistas apresentaram crescimento no país nos últimos três anos - Getty Images
Células de grupos neonazistas apresentaram crescimento no país nos últimos três anos Imagem: Getty Images

Colaboração para o UOL, em Alagoas

17/01/2022 09h42

Um mapa elaborado pela antropóloga Adriana Dias apontou que as células de grupos neonazistas cresceram 270,6% no Brasil entre janeiro de 2019 e maio de 2021, e se espalharam por todas as regiões do país, impulsionadas pelos discursos de ódio e extremistas contra as minorias representativas, amparados pela falta de punição.

Em entrevista ao "Fantástico", Dias revelou que existem pelo menos 530 núcleos extremistas, que podem conter cerca de 10 mil pessoas ativas, operando no Brasil hoje. Segundo a antropóloga, a maioria dessas pessoas se identificam como neonazistas e têm em comum o ódio contra feministas, judeus, negros e a população LGBTQIAP+.

"Eles começam sempre com o masculinismo, ou seja, eles têm um ódio ao feminino e, por isso, uma masculinidade tóxica. Eles têm antissemitismo, eles têm ódio a negro, eles têm ódio a LGBTQIAP+, ódio a nordestinos, ódio a imigrantes, negação do holocausto", declarou.

Ao "Fantástico", a juíza federal Cláudia Dadico apontou a falta de punição e de uma legislação clara sobre esse tema e contra o discurso de ódio no Brasil, como obstáculo para a punição desses criminosos. Conforme a magistrada, esses discursos não podem ser confundidos com liberdade de expressão.

"Os casos que tenho acompanhado da Polícia Federal tem tido realmente um esforço grande no sentido de investigar e punir. O que ocorre é que muitas vezes alguns operadores do direito têm uma compreensão da liberdade de expressão que acaba, de certa forma, obstaculizando a punição desses crimes, que claramente não se situam dentro do campo da liberdade de expressão", afirmou Dadico.

Polícia encontra vasta coleção nazista no RJ

Em outubro do ano passado, a Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu um homem de 58 anos, identificado como Aylson Proença Doyle Linhares, suspeito de estupro de vulnerável contra um menino de 12 anos. No entanto, em seu apartamento, localizado na Vargem Grande, na zona oeste da cidade, os agentes encontraram uma vasta coleção com material nazista, avaliada em milhões de reais.

Entre os itens encontrados com Aylson Proença Doyle Linhares, havia 12 fardas originais, bandeiras, um quadro de Adolf Hitler, recortes de jornal dos anos 1950 sobre o nazismo e fascismo, medalhas do Terceiro Reich, capacete militar, e um documento da SS (Schutzstaffel) - organização paramilitar ligada ao partido nazista, com a foto do suspeito — Linhares disse à polícia que sua coleção vale R$ 19 milhões.

De acordo com as leis brasileiras, pode ser preso por um a três anos quem fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos nazistas. Na época, o delegado Maurício Armond informou ao UOL que aquela foi a primeira vez que a Polícia Civil encontrou "um material nazista com todo esse volume, itens, valor material e histórico".

"É algo impressionante e jamais visto por aqui. Não só pela quantidade apreendida, mas pela preciosidade. Obras de arte, fardas e armas originais da Alemanha nazista e muito, mas muito mais. Ele é de uma família de posses. Os pais eram investidores e parte da herança ele usava para essa coleção nazista", acrescentou Armond.