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Bolsonaro perde apoio evangélico por violência e antipatia, diz pastor

Colaboração para o UOL

18/02/2022 13h36Atualizada em 07/03/2022 11h01

Para o pastor Henrique Vieira, o setor evangélico tem se afastado do presidente Jair Bolsonaro (PL) pela percepção de violência e antipatia que seu governo transmite, principalmente durante a pandemia da covid-19.

"Cada vez mais o campo evangélico tem a percepção que Bolsonaro foi e é indiferente ao sofrimento humano, não tem compaixão alguma com a dor de muitas famílias. Fica evidente o caráter violento de Bolsonaro, de ódio, fúria, desequilíbrio emocional", disse Vieira, durante UOL News hoje.

O pastor é filiado ao PSOL e foi vereador de Niterói pelo partido. Militante de esquerda, Henrique Vieira atuou no filme 'Marighella', que conta a história do guerrilheiro morto durante a ditadura militar brasileira.

Pastores que apoiaram a eleição de Bolsonaro, em 2018, começaram a rever suas posições e a preparar terreno para conversas com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa de outubro. Movimentações recentes de líderes evangélicos dão sinais de que Bolsonaro não terá o mesmo engajamento massivo desse segmento para se reeleger.

A tendência de figuras proeminentes de igrejas pentecostais e neopentecostais é a de adotar uma posição mais reservada, diferente da campanha escancarada de quatro anos atrás. Líderes dessas instituições mantêm interlocução com o Planalto, levando demandas por isenções tributárias, perdão de dívidas e maior espaço no governo, mas estão dispostos a negociar com quem for eleito em outubro. Ainda nesta quinta-feira, 17, o Congresso promulgou a emenda constitucional que estende a templos religiosos alugados a isenção de pagamento do IPTU.

"Os evangélicos são plurais, não são controlados pelo bolsonarismo e o Bolsonaro. Há lideranças evangélicas que estão mais interessadas em ter participação num governo, inclusive ao lado de Lula, se for o caso", afirma o pastor.

A Frente Evangélica quer ter pelo menos 30% das vagas na Câmara e no Senado. "Para os meus deputados, faço isso (peço voto). Para presidente, não precisa. Eles têm uma mídia tremenda e dinheiro. Não há necessidade de a igreja se envolver nessa altura", afirmou ao Estadão o pastor José Wellington Bezerra da Costa, líder da Assembleia de Deus do Belém, a mais tradicional dessa denominação.

Em dezembro, pesquisa Ipec mostrou empate entre Bolsonaro e Lula nas intenções de votos entre os evangélicos: o petista com 34% e o atual presidente, com 33%.

  • Veja as notícias do dia no UOL News com Fabíola Cidral: