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Malafaia diz que evangélicos não apoiam Lula nem Moro: 'Vão quebrar a cara'

Aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), o pastor Silas Malafaia afirmou que os presidenciáveis Lula, Ciro e Moro não receberão apoio de evangélicos - Divulgação
Aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), o pastor Silas Malafaia afirmou que os presidenciáveis Lula, Ciro e Moro não receberão apoio de evangélicos Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

17/02/2022 10h50Atualizada em 17/02/2022 11h20

Aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), o pastor Silas Malafaia afirmou que os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT) e Sergio Moro (Podemos) "vão quebrar a cara com os evangélicos". A declaração foi dada em entrevista ao Metrópoles.

"O que é esse jogo de Ciro, Lula e Moro? Eles perceberam que Bolsonaro foi eleito graças ao voto dos evangélicos. Nós representamos 32% do eleitorado. Só que os sistemas e os meios que estão usando não são meios para conquistar. Estão enganados e vão quebrar a cara com os evangélicos", afirmou Malafaia.

Em 2018, analistas indicaram que o voto dos religiosos foi fator decisivo para a vitória de Bolsonaro. Segundo o cientista político Robson Sávio, doutor em Ciências Sociais e professor da UFMG, "o elemento religioso tem um peso importante no brasileiro, inclusive na política" e que todos os candidatos levam isso em conta.

Em dezembro, uma pesquisa Datafolha revelou que 43% dos evangélicos consideram Lula o melhor presidente que o Brasil já teve. Isso é mais do que o dobro daqueles que preferem Jair Bolsonaro (19%).

"Sei quem é quem no mundo evangélico. Quem está com Moro, com Ciro e com Lula não representa 1% dos evangélicos. São famosos zé-ninguém. Fico dando gargalhada", ironizou Malafaia.

Analistas políticos também dizem que pastores têm mais influência política do que padres católicos. Malafaia, por exemplo, tem 3,3 milhões de seguidores no Instagram, 1,5 milhão de inscritos no YouTube e 2,4 milhões de curtidas no Facebook.

Presidenciáveis se movimentam para conseguir voto evangélico

Os pré-candidatos à Presidência em 2022 estão se movimentando para conseguir apoio de grupos religiosos. Em junho do ano passado, Ciro Gomes acenou para evangélicos ao publicar um vídeo sobre cristianismo nas redes sociais.

Na gravação, ele destacou que os livros da Bíblia e da Constituição não são conflitantes. O objetivo dele foi passar a mensagem que política e religião podem viver em harmonia.

Na semana passada, Sergio Moro repetiu o movimento e divulgou uma carta dizendo ser contra a ampliação do aborto legal no país e assumiu postura libertária ao afirmar que o Estado deve evitar invadir a esfera privada. "Valorizamos a liberdade de expressão e o respeito à opinião discordante", dizia trecho do texto.

O manifesto foi apresentado por meio de carta aberta, em que o ex-juiz também fala em "preservar as crianças e adolescentes da sexualização precoce" e diz ser contra a tributação de igrejas.

Segundo Malafaia, em entrevista ao Metrópoles, "você não conquista evangélicos com meia dúzia de palavras, você conquista com sua história". Ele acrescentou que Bolsonaro "é isso há 20 anos".

"Não adianta o Moro chegar agora, sendo que foi ministro da Justiça e nunca falou nada de aborto. Mesma coisa é o Ciro Gomes, que tem posturas ideológicas que não têm nada a ver com cristianismo. Mesma coisa é o Lula, que falou que igrejas eram responsáveis pelo aumento de coronavírus, cujo partido defende valores que vão contra nossos valores e princípios", criticou.

Malafaia se referiu a uma fala de Lula, em junho de 2021, que criticou o papel de alguns líderes religiosos e afirmou que muitas mortes por covid-19 poderiam ter sido evitadas.

"O papel das igrejas é ajudar para orientar as pessoas, não é vender grão de feijão ou fazer culto cheio de gente sem máscara, dizendo que tem o remédio pra sarar", disse Lula.

Em 2020, o líder da Igreja Mundial do Poder de Deus, o apóstolo Valdemiro Santiago, ofertou num culto sementes de feijão, por até R$ 1.000 cada. Dizia que cultivá-las levaria à cura da covid-19.