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Delegados da PF planejam mobilização por reajuste e indicam paralisação

Categoria se sentiu "traída" após governo recuar de plano de reestruturação da carreira - Polícia Federal / Divulgação
Categoria se sentiu "traída" após governo recuar de plano de reestruturação da carreira Imagem: Polícia Federal / Divulgação

Colaboração para o UOL, de Brasília

21/04/2022 17h23

A ADPF (Associação dos Delegados da Polícia Federal) informou hoje que a categoria planeja a realização de uma mobilização nacional no próximo dia 28 em todas as unidades da PF do país. A entidade diz ainda que os agentes aprovaram o indicativo de paralisação das atividades, que deve ser ratificado em assembleia prevista para maio. (Leia o comunicado, na íntegra, abaixo)

A queda de braço entre os delegados da PF e o governo Bolsonaro (PL) ocorre após Bolsonaro garantir, em janeiro, que daria um aumento aos policiais federais, agentes penitenciários e rodoviários federais. O governo, porém, recuou e anunciou que concederia um reajuste de 5% aos servidores públicos.

A classe se sentiu traída, pois esperava o uso de R$ 1,7 bilhões do orçamento para uma reestruturação da carreira, o que concederia um reajuste maior e outras benesses para os policiais.

Uma reunião extraordinária foi realizada pela ADPF anteontem, ocasião em que os delegados aprovaram diversas medidas para pressionar o Planalto.

Além da mobilização, os agentes aprovaram o uso de faixas de protesto contra o rompimento da promessa feita por Bolsonaro, a "cobrança massiva" nas redes sociais do presidente e "cobrança pública e direta" do ministro da Justiça Anderson Torres caso não seja autorizada a reestruturação da carreira até maio.

Além da mobilização, os delegados aprovaram o indicativo de recomendação de operação-padrão e redução de produtividade.

"Caso o presidente da República, Jair Bolsonaro, descumpra o compromisso público assumido por ele diversas vezes, os policiais da União não se manterão inertes diante do uso da valorização da segurança pública e da excelente imagem da Polícia Federal como ferramenta publicitária e de marketing político"
Associação dos Delegados da Polícia Federal, em nota pública

A ADPF disse ainda que irá procurar os pré-candidatos à presidência para "expor a necessidade de um verdadeiro compromisso" com a categoria. "O que não ocorreu nos últimos anos", disse a entidade.

A categoria defenderá um mandato fixo para diretor-geral, com lista tríplice, sobreaviso remunerado, aumento do valor das diárias, plano de saúde e reestruturação das carreiras.

Leia a íntegra da nota

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) comunica que a classe se reuniu em assembleia na última terça-feira (19/4) para decidir e alinhar medidas e providências a serem tomadas em reação à clara omissão do Governo Federal, que até o momento não assinou Medida Provisória de Reestruturação das Carreiras Policiais Federais, cujo orçamento de 1,7 bilhão já foi aprovado pelo Congresso. O sentimento de frustração da categoria se amplifica diante do noticiado reajuste linear para os servidores públicos federais.

Alinhados aos sentimentos de todas as forças de segurança ligadas ao Ministério da Justiça, que viram a pauta da segurança pública ser alçada como bandeira pelo Governo enquanto os policiais não receberam qualquer valorização do seu trabalho e sacrifício, os delegados federais aprovaram de forma categórica todas as medidas apresentadas na assembleia.

Entre as ações que serão tomadas, ressalta-se a realização, no próximo dia 28 de abril (quinta-feira), de mobilização de todos os policiais federais. O ato acontecerá em todas as unidades da Polícia Federal espalhadas pelo Brasil.

A ADPF também apresentará ao Diretor-Geral da Polícia Federal, um comunicado que recomenda a todos os delegados federais que não viajem em missão sem o pagamento prévio de diárias, bem como estabeleça, em 30 dias, critérios para compensação ou remuneração do regime de sobreaviso, que tanto sobrecarrega os policiais.

A entidade aprovou, ainda, o indicativo de recomendação de operação-padrão e redução de produtividade nas atividades administrativas de fiscalização, bem como indicativo de paralisação das atividades junto com os demais cargos da PF, esta última a ser ratificada em assembleia no dia 02 de maio.

Por fim, reforça o posicionamento, cada vez mais firme, de que, caso o presidente da República, Jair Bolsonaro, descumpra o compromisso público assumido por ele diversas vezes, os policiais da União não se manterão inertes diante do uso da valorização da segurança pública e da excelente imagem da Polícia Federal como ferramenta publicitária e de marketing político.

Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF)