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Arthur Lira não será 'cordeirinho' para Lula na Câmara, diz Ciro Nogueira

Do UOL, em São Paulo

30/11/2022 08h45Atualizada em 30/11/2022 14h46

O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, declarou em entrevista à revista Veja que sua sigla, o Progressistas, será "oposição" ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — e que a relação entre o petista e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), será "independente".

"Não vai ser um cordeirinho que vai 'tratorar' para aprovar as coisas do governo. Vai ser independente, como todo presidente deve ser", disse o ministro sobre Lira.

Ontem, o PT e outras siglas aliadas anunciaram apoio à reeleição de Lira a presidente da Câmara — um aceno para um começo tranquilo de governo que inclui, também, a intenção do PT de presidir uma das comissões mais importantes da casa, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

Ciro Nogueira também pontuou que o "grande fator de preocupação" em relação ao posto de Lira é a prerrogativa de abrir processos de impeachment contra o presidente. "Mas não vejo nenhum tipo de sobressalto e surpresa de Lula com Arthur", opinou Nogueira.

Até julho de 2022, foram protocolados 145 pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), muitos sob a tutela de Lira na casa parlamentar — antes dele, o presidente foi Rodrigo Maia (PSDB). Nenhum deles chegou a ser avaliado pelos deputados.

No ambiente da Câmara, o ministro admitiu que alguns de seus colegas de partido podem apoiar Lula, mas rejeitou tal posicionamento como postura do Progressistas. "O PP é um partido de oposição. É lógico que cada deputado é livre, desde que não envolva o nome do partido", disse.

PEC da Transição é muito ampla para ser aprovada, opina Nogueira. O ministro, que está a frente do processo de transição entre governos, também fez críticas a forma como o PT vem conduzindo a passagem de bastão.

Entre elas, a apresentação de uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que abre um espaço fiscal de R$ 198 bilhões fora do teto para o pagamento de programas sociais, como o Bolsa Família, e outros projetos de investimento e infraestrutura.

"É uma PEC que espero que seja aprovada, mas não dessa forma absurda que o governo apresentou", disse, antes de ponderar:

"É um disparate achar que o governo, com uma base de 120 deputados, poderia ter 308 votos em uma PEC tão ampla como essa, que depende de muito boa vontade da oposição para aprovar, se não, não aprova em 20 dias", declarou Ciro, citando o prazo apertado no qual o projeto precisa tramitar nas duas casas para ser válido já no próximo ano.