Morre, aos 77 anos, Eliseu Padilha, ex-ministro de FHC, Dilma e Temer
O ex-ministro da Casa Civil, da Aviação e dos Transportes Eliseu Padilha (MDB-RS) morreu nesta segunda-feira (13) aos 77 anos. Ele fazia tratamento contra um câncer de estômago, descoberto havia um mês. O político serviu a três presidentes: Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).
- Eliseu Padilha estava internado no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre.
- O advogado e político deixa a esposa Simone Camargo, seis filhos, cinco netos e o irmão João Padilha.
- O velório ocorrerá na quarta-feira (15), das 10h às 17h, no Palácio Piratini, na capital gaúcha, e será aberto ao público, segundo a assessoria de imprensa de Padilha.
Desde 2017, Eliseu Padilha apresentava alguns problemas de saúde. Na ocasião, ele tirou uma licença de saúde para tratar um problema de obstrução urinária, que depois o levou a passar por uma cirurgia de próstata.
Em 2019, Padilha sofreu uma hemorragia cerebral superficial, um tipo mais brando de AVC (Acidente Vascular Cerebral).
Eliseu Padilha chefiou a Casa Civil durante o governo Temer. Em 2017, ele foi denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) como um dos membros do chamado "quadrilhão do MDB", uma suposta organização criminosa liderada por Temer, com atuação em diversos órgãos públicos.
Padilha, Temer e outros denunciados pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot foram absolvidos. Na última quinta-feira, o TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1º Região) negou recurso do MPF para rever a absolvição dos emedebistas. As denúncias foram feitas no âmbito da Operação Lava Jato.
Durante as investigações, o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht afirmou que discussões sobre propostas de lei no Congresso eram feitas com Eliseu Padilha e Romero Jucá, mas envolviam algum tipo de pagamento, um "compromisso explícito ou implícito". Isso aconteceria com doações de campanha, algumas com caixa 2.
Em 2014, por exemplo, houve conversa sobre essas doações no Palácio do Jaburu. "Foi um jantar que teve no assunto do... Eu estive com Cláudio [Mello], o Eliseu [Padilha] e Michel [Temer], entendeu? Para se discutir uma doação de R$ 10 milhões", narrou Marcelo Odebrecht em depoimento firmado sob colaboração premiada.
Outro executivo da Odebrecht, José de Carvalho, completou que, depois da reunião no Jaburu, foi encarregado de distribuir dinheiro vivo orientado por Eliseu Padilha. "A sistemática era: eu chegava expor até ele e ele me fornecia o endereço, eu transmitia ao sistema de Operações Estruturadas a sra. Maria Lúcia [ex-secretária da Odebrecht], que uns dias depois, me entregava uma senha. Eu pessoalmente entregava essa senha, entreguei essa senha ao senhor Eliseu Padilha".
Político foi advogado, contador, prefeito e ministro
Quando fazia parte do governo, Eliseu Padilha era conhecido como um dos maiores articuladores do Congresso e profundo conhecedor da Câmara. Frequentemente, acertava o placar de grandes votações no plenário.
Natural de Canela (RS), era contador, advogado e empresário. Em 1966, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar instaurado no país em abril de 1964, de acordo com o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em sua trajetória, foi prefeito e ministro de três presidentes.
Ele comandou a prefeitura de Tramandaí de 1989 a 1992. Em 1994, coordenou a campanha de Antônio Brito (no então PMDB) ao governo do Rio Grande do Sul. Brito venceu aquela eleição. Padilha tornou-se deputado federal, cargo que ocuparia por quatro mandatos.
Deixou o Congresso para tornar-se secretário dos Negócios do Trabalho, Cidadania e Assistência Social do governo de Brito, em 1995. Voltou ao Parlamento e saiu de lá dois anos depois. Padilha virou o ministro dos Transportes do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) entre 1997 e 2001.
Ele voltou ao Congresso. E também trabalhou no segundo mandato do governo de Dilma Rousseff (PT). Em 2015, foi ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil da Presidência. Saiu do cargo no mesmo ano, em dezembro, quando as relações entre os petistas e o MDB, do então vice-presidente Michel Temer, se deterioraram por causa da abertura de um processo de impeachment contra Dilma.
Dilma foi afastada do cargo em abril e depois cassada definitivamente. Padilha, então, integrou o governo Temer, quando foi chefe da Casa Civil.
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