"Apagão" e "gerenciamento de crise": o que Gonçalves Dias disse à PF
O ex-ministro-chefe do GSI, general Gonçalves Dias, prestou depoimento à PF na última sexta-feira (21). Ele foi ouvido após imagens do circuito interno do Palácio do Planalto mostrarem ele dentro do prédio durante os ataques golpistas de 8 de janeiro.
Veja 10 pontos do depoimento de Gonçalves Dias
O general disse que, ao assumir o GSI no dia 2 de janeiro, por cinco dias ainda estava se ambientando às funções dele no órgão. Ele alegou que isso aconteceu porque não houve a passagem de função do ministro anterior.
Dias afirmou que não sabia nada a respeito de manifestações em Brasília entre 6 e 8 de janeiro. Segundo ele, a Abin não enviou nenhum informe sobre o aumento do fluxo de ônibus rumo a Brasília depois do dia 6 ou que tratasse de manifestações.
O ex-chefe do GSI afirmou não ter recebido ordens de superiores ou agentes políticos para ser tolerante com grupos de manifestantes. O efetivo do GSI foi mobilizado na véspera das invasões com base na classificação de risco determinada como "regular", de acordo com Dias.
Já no dia 8, o general disse que pediu reforço do Comando Militar do Planalto às 14h50, horário aproximado que diz ter chegado ao Palácio do Planalto. Ele fez isso quanto teria percebido a "ineficiência" de forças de segurança do DF para conter invasores.
Foi por volta desse mesmo horário que uma multidão conseguiu furar o bloqueio da PM do DF, segundo Dias. Ele disse que os policiais começaram a recuar e, pressionados, abriram espaço para que os invasores subissem a rampa.
Dias afirmou que os policiais militares apresentaram "boa combatividade" e que ele próprio entrou no Palácio do Planalto às 16h.
Dentro do prédio, ele diz ter se dirigido para o quarto andar, onde encontrou agentes do GSI removendo invasores. Ele, então, desceu para o terceiro andar, encontrou outros invasores e os conduziu à saída, segundo o depoimento prestado à PF.
O general afirmou que não efetuou prisões porque fazia um "gerenciamento de crise". Segundo ele, não havia "condições materiais" para as prisões e o protocolo era prender as pessoas no segundo andar, onde 200 invasores teriam sido detidos.
Para Dias, houve um "apagão" de inteligência no dia 8 de janeiro. O ex-GSI disse ainda que não deu ordens para que o Palácio do Planalto fosse evacuado. Se isso aconteceu, ele alega que não é de conhecimento dele.
Questionado sobre o major visto dando água a invasores, o ex-ministro defendeu que o ocorrido "deve ser analisado pelas circunstâncias do momento". Ele afirmou que, se tivesse presenciado esse momento, teria repreendido o major, identificado como José Eduardo Natale de Paula Ferreira.
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