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Governo Lula põe cargo para Jean Wyllys na comunicação em banho-maria

O presidente Lula, o ex-deputado Jean Wyllys e o ministro Paulo Pimenta (Secom) Imagem: Divulgação

Do UOL, em Brasília

27/07/2023 04h00

O ex-deputado federal Jean Wyllys (PT) foi cotado para integrar a equipe de comunicação do governo Lula. Mas seu possível cargo entrou em "banho-maria", segundo o UOL apurou, após uma discussão nas redes sociais entre ele e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB).

O que aconteceu?

Wyllys foi encorajado a voltar ao Brasil pelo próprio presidente Lula, segundo apurou a reportagem com interlocutores do petista. Ele se autoexilou fora do país durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

No dia 6 de junho, o ex-parlamentar se encontrou com Lula em Brasília. Foi quando teria sido convidado a trabalhar na área de comunicação da Presidência.

Seu nome foi uma sugestão da primeira-dama Janja da Silva, segundo apurou a reportagem.

Contudo, ele foi alvo de "fogo amigo" vindo de aliados e integrantes da equipe de Lula. Foi mencionado seu estilo "agressivo" nas redes e que poderia acabar usando nas ações da pasta.

Ele também teve certo apoio interno. Outra ala de governistas encorajou a indicação, por verem Wyllys como um jornalista e com habilidades políticas.

O Planalto teria mantido a escolha até a discussão com Leite. Foi quando a avaliação sobre o tema teria mudado.

A pressão para o Planalto desistir da contratação aumentou. Desde então, o cargo para Wyllys está "em suspenso" e, por enquanto, com baixa probabilidade de acontecer.

A ideia é esperar o conflito com o governador sair dos holofotes para dar uma decisão definitiva.

Segundo apurou a reportagem, Wyllys tem evitado comentar o tema para não ter ruídos com o governo. Ele foi procurado pelo UOL, mas preferiu não se manifestar.

Bate-boca com preconceito

A discussão pública começou após o governo Lula anunciar o fim do programa federal de escolas cívico-militares, principal bandeira do governo de Jair Bolsonaro na educação.

Leite apoiou Bolsonaro nas eleições de 2018 e se declarou homossexual em 2021.

O governador usou suas redes sociais para anunciar que manteria as escolas cívico-militares na rede estadual gaúcha. Wyllys reagiu, e a discussão começou. Veja abaixo o diálogo.

Que governadores héteros de direita e extrema direita fizessem isso já era esperado. Mas de um gay...? Se bem que gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes; se for branco e rico então... Tá feio, 'bee' [gíria para homem homossexual].
Jean Willys, ex-deputado federal

Manifestação deprimente e cheia de preconceitos em incontáveis direções -- e que em nada contribui para construir uma sociedade com mais respeito e tolerância. Jean Wyllys, eu lamento a sua ignorância.
Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, em resposta

Leite denunciou Wyllys no Ministério Público do estado por homofobia. A Justiça do Rio Grande do Sul determinou que Wyllys apague as ofensas ao governador.

Agressivo ou combativo?

Quem discorda da chegada de Wyllys vê possíveis problemas para o governo com um comportamento mais "agressivo" nas redes sociais. O exemplo que citam agora é justamente a discussão com Eduardo Leite.

Há também crítica por uma eventual atitude mais "combativa", principalmente contra opositores políticos, enquanto Lula tem falado reiteradamente sobre reconstrução de pontes e diálogo com todos os lados.

Semanas antes da briga, Leite havia recebido Lula e Janja para um jantar no Rio Grande do Sul.

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