Coaf cita transações de Cid com investigados em fraudes de cartão de vacina
Relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) enviado à CPMI de 8 de janeiro, ao qual o UOL teve acesso, revela que o tenente-coronel Mauro Cid realizou operações bancárias com suspeitos de falsificar o cartão de vacina de Jair Bolsonaro.
São eles: o sargento Luis Marcos dos Reis; o segurança Max Guilherme Machado de Moura e o médico Farley Vinicius de Alcântara.
Reis e Moura seguem presos — os dois trabalhavam diretamente com Bolsonaro.
O sargento subordinado a Cid
Luis Marcos dos Reis depositou R$ 70 mil na conta de Mauro Cid, aponta a quebra de sigilo que vai de 26 de julho de 2022 até 25 de janeiro deste ano. Ele é segundo-sargento do Exército e foi funcionário da Ajudância de Ordens da Presidência, que era comandada por Cid.
Reis foi preso por suspeita de envolvimento na falsificação nos certificados de vacinação de Bolsonaro, em operação realizada pela Polícia Federal.
Reis realizou saques em dinheiro vivo. Ele é investigado por pagar contas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Militar do Exército participou das invasões de 8 de janeiro. A PF localizou diálogos do sargento narrando como foram os atos golpistas.
Indícios do crime de lavagem de dinheiro. "Considerando a movimentação atípica, sem clara justificativa e as citações desabonadoras em mídia, tanto do analisado quanto do principal beneficiário, comunicamos pela possibilidade de constituir-se em indícios do crime de lavagem de dinheiro, ou com ele relacionar-se", diz o Coaf. O UOL busca contato com a defesa do sargento.
Reis trabalhou diretamente com Bolsonaro e o ajudante de ordens Mauro Cid desde o início do mandato até agosto de 2022, quando foi transferido para o Ministério do Turismo.
Relatório do Coaf
Max Guilherme, a sombra de Bolsonaro
Dividia com Mauro Cid a função de sombra na proteção constante de Bolsonaro. Max Guilherme Machado de Moura trabalhou como segurança do ex-presidente.
Ele estava na comitiva de funcionários que acompanharam Bolsonaro na passagem dele pelos Estados Unidos.
Por 17 anos, foi sargento do Bope no Rio de Janeiro. Moura assumiu a função de segurança do ex-presidente após esse período no Batalhão de Operações Especiais.
Moura foi preso pela PF na operação que apura suspeita de falsificação do cartão de vacina de Bolsonaro. O UOL tenta contato com a defesa do ex-segurança de Bolsonaro.
O médico suspeito
Farley Vinicius teria fornecido o cartão de vacinação em branco para a suposta falsificação. Na ocasião ele era médico em Cabeceiras (GO).
Ele é sobrinho do sargente Luis Marcos e trabalhava como plantonista no hospital da cidade.
O relatório do Coaf não detalha o valor da transação bancária de Cid com Farley e com Moura. O UOL não conseguiu encontrar o médico para comentar o caso.
Movimentação incompatível de Cid
Relatório do Coaf encontrou um montante de transações incompatíveis com os rendimentos de Mauro Cid.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro movimentou R$ 3,2 milhões num intervalo de seis meses, apesar de receber R$ 26 mil de salário bruto. No resumo das transações financeiras, estão R$ 1,8 milhão em créditos e R$ 1,4 milhão em débitos.
A defesa de Cid negou haver ilegalidade nas transações financeiras e disse que não teve acesso ao documento. O advogado Bernardo Fenelon disse que não explicaria as operações porque "todas as manifestações defensivas são apenas realizadas nos autos do processo".
Todas as movimentações financeiras do tenente-coronel Mauro Cid, inclusive aquelas referentes a transferências internacionais, são lícitas e já foram esclarecidas para a Polícia Federal
Bernardo Fenelon, advogado que integra a defesa de Mauro Cid