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Sargento ligado a Bolsonaro moveu R$ 3,34 milhões e repassou verba para Cid

Do UOL, em Brasília e São Paulo

14/08/2023 18h27Atualizada em 15/08/2023 09h09

O sargento Luís Marcos dos Reis, do Exército, movimentou mais de R$ 3 milhões em um ano e repassou dinheiro para seu chefe, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação foi revelada pelo Estadão e confirmada pelo UOL.

O que aconteceu

Reis movimentou R$ 3,34 milhões entre 1º de fevereiro de 2022 e 8 de maio de 2023. O salário dele no Exército é de R$ 13,3 mil e, por um cargo de coordenador no Ministério do Turismo, ele recebe outros R$ 10,7 mil, um total de R$ 24 mil por mês.

O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificou indícios de possível lavagem de dinheiro, já que as transações foram consideradas incompatíveis com a renda e patrimônio do sargento.

Somadas, as movimentações consideradas atípicas do sargento e de Cid são de cerca de R$ 7 milhões — sendo R$ 3,34 milhões de Reis e R$ 3,75 milhões do tenente-coronel, entre fevereiro de 2022 e maio de 2023.

O UOL tenta contato com a defesa de Reis e atualizará o texto caso haja resposta.

Principais lançamentos a crédito e a débito referem-se às transações envolvendo mesma titularidade e pessoas físicas e jurídicas de ramos diversos, das quais destacamos Mauro Cesar Barbosa Cid, já relacionado em comunicação de operações suspeitas e para o qual consta mídia desabonadora sobre suposto envolvimento em crime de lavagem de dinheiro.
Relatório do Coaf

Entenda as movimentações suspeitas

De fevereiro de 2022 até maio de 2023, Reis recebeu R$ 1.669.185 em sua conta bancária. No mesmo período, ele tirou R$ 1.672.594,00 de sua conta. A movimentação de créditos e débitos totaliza os R$ 3,34 milhões em análise pelo Coaf.

Ainda nesse período, Reis fez movimentações consideradas atípicas no valor de R$ 714.951.19 tendo Mauro Cid como destinatário. Ao todo, foram 17 transações identificadas oficialmente entre os dois titulares de contas.

Apenas o próprio sargento figurou como destinatário em mais transações que Mauro Cid, segundo lugar da lista.

O Coaf identificou tentativas insistentes de TEDs da conta de Reis para outras de mesma titularidade, mas apenas duas foram, de fato, efetivadas. As transferências tiveram valores de R$ 89 mil e R$ 38 mil, com um intervalo de cinco meses entre elas.

Ao todo, o sargento utilizou o Pix 105 vezes para vários tipos de transações. Nem todas são consideradas suspeitas pelo Coaf.

Analisando a movimentação da conta de Reis, é possível verificar que a entrada mensal de recursos caiu mais de 60%, passando da média de R$ 128 mil nos meses analisados entre fevereiro de 2022 e janeiro deste ano para R$ 46,5 mil entre 21 de janeiro e 8 de maio de 2023. No mesmo período analisado, o nível de saída de recursos caiu numa proporção ainda mais acentuada, chegando a ser 70% menor.

Outro fator que chamou a atenção do Coaf foi o alto número de transações para servidores públicos. Apesar de não ter mais informações no relatório, o nome de Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, aparece na lista de citados.

Mauro Lourena Cid é suspeito de fazer parte de um esquema de desvios de joias e outros bens de valor obtidos pelo filho em viagens oficias no governo Bolsonaro e a venda ilegal dos objetos no exterior.

Prisão por certificado de vacina

Assim como Cid, Reis está preso desde maio, por uma operação que mira fraude em cartões de vacina contra a covid-19.

O sargento, segundo o Estadão, acionou um sobrinho que é médico para preencher e carimbar os certificados de vacinação.

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