Deltan critica decisão de Toffoli e cita 'leniência' do STF com corrupção
Do UOL, em São Paulo
06/09/2023 17h05Atualizada em 06/09/2023 17h20
O ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol publicou críticas à decisão do ministro do STF, Dias Toffoli, que anulou provas recolhidas contra Lula.
O que aconteceu:
Para Deltan, o "maior erro da história do país" foi o que chamou de "leniência do STF com a corrupção de Lula e de mais de 400 políticos". Ambas as frases fazem referência à decisão de hoje do ministro Dias Toffoli, que declarou as provas obtidas pela Operação Lava Jato como imprestáveis, e chamou a prisão de Lula "um dos maiores erros judiciários do país".
O ex-procurador também comentou que "a anulação da condenação e do acordo fazem a corrupção compensar no Brasil", e questionou: "se tudo foi inventado, de onde veio o dinheiro devolvido aos cofres públicos?".
Em outra postagem, Deltan também afirmou que "a Lava Jato jamais condenou inocentes". Em seu documento, Toffoli afirma que não só a operação foi parcial, mas também teve "intuito de levar um líder político às grades".
Deltan rebateu o argumento do ministro Dias Toffoli que, em sua decisão, destacou que a operação da Lava Jato recebeu dados e informações da Odebrecht sem cooperação internacional. "O ministro faltou com a verdade na decisão. Está absolutamente equivocada ou mentindo nesse ponto", disse em entrevista à GloboNews.
"Houve perseguição de inocentes? Houve falta de provas? É claro que não. Se houver, quero saber onde", acrescentou o ex-procurador durante a entrevista.
Lula ficou preso por 580 dias
Então ex-presidente, Lula foi preso em 7 de abril de 2018, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, por decisão do ex-juiz Sergio Moro.
Ele foi solto em 8 de novembro de 2019, depois que o STF derrubou a prisão em segunda instância —ou seja, a pessoa só pode cumprir pena depois que todos os recursos forem esgotados. Toffoli, à época, foi um dos votos contrários à prisão em segunda instância.
Dois anos depois, em 2021, a Segunda Turma do STF anulou todas as condenações de Lula. Os ministros entenderam, por oito votos a três, que a 13ª Vara de Curitiba não era a esfera competente para julgar o caso, e que Sergio Moro foi parcial em sua avaliação.
Com isso, Lula tornou-se ficha limpa e pôde se candidatar às eleições de 2022, que venceu com mais de 60 milhões de votos.