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Consignado do auxílio é medida 'eleitoreira e perversa', afirma Dias

O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, condenou no UOL Entrevista que o empréstimo consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil, que substituiu o Bolsa Família no governo Bolsonaro, ao afirmar que a medida é "eleitoreira e perversa". Ele também afirmou que o cadastro atual do Bolsa Família não está "perfeito", mas que espera que esteja eficiente até o fim do ano.

O que ele disse

"É uma medida eleitoreira e perversa, de gente do mal. Eu não tenho outra palavra que me perdoe aqui pra lhe colocar", disse.

Pessoas que recebem auxílio estão na "UTI da Fome", comparou. "Tenta imaginar, no caso da saúde, uma pessoa sofreu um acidente, está precisando ali de um dinheiro, de um apoio para ali uma hemorragia. E aparece alguém e viabiliza ali essa condição, esse dinheiro. Imagine-se, ela resolve ir lá para um consignado, tá certo? Numa hora dessa. Aqui eu estou falando de UTI da fome."

Neste mês, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que a medida não é ilegal. Para o relator do caso, ministro Nunes Marques, o crédito teve "papel fundamental na expansão do crédito para consumo e na redução do custo do crédito pessoal".

O UOL revelou que 99% dos empréstimos do Auxílio Brasil foram cedidos no período eleitoral, aumentando suspeitas do uso político do empréstimo para favorecer o então presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).

Cadastro será eficiente até o fim do ano

Ministro disse que programa requer cuidado para usar efetivamente o dinheiro do povo. "É pago com tributos, são R$ 175 bilhões disponibilizados. Estamos olhando para todos os pagamentos que fazemos", afirmou.

A gente só vai ter um cadastro eficiente em dezembro. São 94 milhões de pessoas, você tem que ir a 42 milhões de residências, de gente que mora na rua, gente que mora na floresta, enfim, para poder fazer essa atualização do cadastro.
Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social

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Até o momento, ele estima que 3,3 milhões de pessoas que recebiam o benefício de forma irregular tenham sido excluídas. "A gente já afastou, por ilegalidade, gente com salário de R$ 20 mil recebendo os R$ 600 do Auxílio Brasil. É um negócio meio perverso".

Ele contou que a pasta está engrossando a fiscalização em municípios que tiveram "situações atípicas" no período eleitoral. "A Justiça eleitoral já comprovou que houve compra de votos", disse.

Dias também comentou sobre a suspensão do benefício para famílias compostas de uma só pessoa. "A gente faz o bloqueio, checa. Se tem um documento, o benefício sai ou desliga. A gente também faz a visita, dá o tempo para que seja visitado. Normalmente, isso leva 90 dias".

O IBGE acabou de passar o dado, as pessoas que moram só no Brasil chegam a 16%, é normalmente um fenômeno da classe média alta. No Bolsa Família, chegou a 28% [das pessoas atendidas pelo benefício]. Na eleição, quem foi cadastrado, chega a 98% só de pessoas morando só.
Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social

Assista à íntegra do programa:

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