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'Exército não atendeu a canto da sereia', diz presidente da CPI sobre 8/1

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

18/10/2023 18h24Atualizada em 18/10/2023 19h28

O presidente da CPI do 8 de Janeiro, Arthur Maia (União Brasil-BA), defendeu o Exército brasileiro após o fim da comissão e disse não acreditar que houve uma "tentativa de golpe" no país devido à atuação das Forças Armadas.

A declaração ocorreu após a aprovação do relatório final da CPI, no qual constam oito pedidos de indiciamento de generais do Exército.

O que aconteceu

"[O Exército] em nenhum momento se deixou levar pelo canto da sereia do que seria uma malfadada na vida pública nacional, acabando com a nossa democracia", disse Arthur Maia a jornalistas após o encerramento da comissão.

"Eu, particularmente, acho que não tivemos uma tentativa de golpe de Estado, porque eu não acredito que a gente possa fazer um golpe de Estado sem uma força militar capaz de impor esse golpe de Estado", declarou o deputado federal.

Mais cedo, o presidente da CPI argumentou que a comissão não havia prejudicado a imagem do Exército, apesar dos pedidos de indiciamento de generais. "O CPF de cada um é uma coisa, a instituição grandiosa a quem esse país tanto deve, que é o Exército brasileiro, é outra coisa completamente diferente", defendeu.

Relatora: "Democracia venceu o fascismo"

A senadora que relatou a CPI, Eliziane Game (PSD-MA), entendeu que a conclusão dos trabalhos enviou uma "resposta" a quem perpetuou os atos de 8 de janeiro.

O Brasil deu uma resposta de intolerância a atos antidemocráticos. É uma demonstração de que a democracia venceu o fascismo, de que a democracia venceu a barbárie, de que a democracia do Brasil é forte, de que as instituições brasileiras, mais do que nunca, são fortes. Não vamos permitir que o 8 de janeiro se repita na história brasileira.
Senadora Eliziane Gama

Mais cedo, Eliziane denunciou ter recebido ameaças devido a sua atuação como relatora da CPI. A senadora afirmou que solicitará proteção a ela e a sua família nas próximas semanas. O pedido será encaminhado a Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Congresso Nacional.

O que diz o relatório aprovado

Há pedidos de indiciamento de 61 pessoas. Os militares representam metade dos acusados — há 31 fardados na lista. Leia a íntegra do relatório final da CPI.

O relatório será encaminhado ao STF (Supremo Tribunal Federal), à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da República. A PGR decidirá se acata os pedidos de indiciamento, dando prosseguimento jurídico ao caso.

Eliziane pediu o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por quatro crimes: associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. As penas podem chegar a 29 anos de prisão, se for condenado.

O Exército viu oito generais serem alvo de pedido de indiciamento, incluindo um ex-comandante, o general Marco Antônio Freire Gomes. A Marinha também tem um ex-comandante acusado, o almirante Almir Garnier. Ambos ocuparam o cargo durante a gestão Bolsonaro.

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