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Dino ironiza deputados bolsonaristas e diz que 'nunca homenageou miliciano'

Leonardo Martins e Tiago Minervino

Do UOL, em Brasília e colaboração para o UOL, em São Paulo

25/10/2023 13h46Atualizada em 25/10/2023 15h18

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB-MA), ironizou os deputados bolsonaristas e repetiu roteiro de embates e confusão com parlamentares hoje durante sessão da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara.

O que aconteceu:

Dino afirmou que não tem qualquer ligação com milicianos. O ministro ainda citou indiretamente a relação da família Bolsonaro com suspeitos de integrar milícias no Rio de Janeiro.

Ao ser questionado sobre a situação de violência no Rio, o ministro destacou o crime organizado como um dos principais problemas do estado. Para ele, esse é um problema "que vem de décadas", sobretudo porque há políticos que "protegem e incentivam" as milícias fluminenses.

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Eu nunca homenageei miliciano, não sou amigo de miliciano, não sou vizinho de miliciano, não empreguei no meu gabinete filho de miliciano, esposa de miliciano e, portanto, não tenho nenhuma relação com o crime organizado do Rio de Janeiro. E nós temos, portanto, essa atitude de combate firme, não só às facções, como também aos milicianos.
Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública

Dino compareceu à Comissão de Fiscalização e Controle como convidado um dia após se negar, pela segunda vez, a comparecer à Comissão de Segurança Pública, onde as últimas participação do ministro ficaram marcadas por xingamentos, confusão e ironias.

Ontem, Dino teve de justificar sua ausência porque foi convocado. Entre as razões, ele citou risco de agressões, "inclusive com ameaças de uso de arma de fogo", e que foi aconselhado pela segurança do próprio ministério a não comparecer.

Mas o cenário encontrado pelo ministro na nova comissão foi semelhante. Mesmo sendo da oposição, a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) presidiu a comissão e pediu a todo momento que houvesse respeito e decoro por parte dos parlamentares de oposição.

Não surtiu efeito e os bolsonaristas provocaram Dino em praticamente todas suas declarações. O ministro respondia em meio à interrupções e confusões que travavam o avanço da sessão. Ele chegou a ameaçar ir embora caso fosse ofendido.

Homenagens a milicianos

A fala de Dino faz alusão à relação da família Bolsonaro com supostos milicianos. O senador Flávio Bolsonaro (PL) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) pediram homenagens a pelo menos 16 policiais denunciados pelo Ministério Público do Rio como integrantes de organizações criminosas. Jair Bolsonaro já disse publicamente que foi ele quem pediu que os filhos prestassem homenagens a policiais.

Um dos milicianos de maior notoriedade homenageado pela família Bolsonaro foi Adriano da Nóbrega, que morreu em 2020 em uma operação policial na Bahia. Nóbrega também é suspeito de ter envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em 2018.

Flávio Bolsonaro empregou no Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) a mãe e a esposa de Adriano da Nóbrega. O miliciano também foi homenageado por Bolsonaro na Câmara dos Deputados, em 2005, quando Nóbrega foi condenado por homicídio. Na época, Bolsonaro se referiu ao miliciano como "um brilhante oficial".

Outro acusado de matar Marielle, o policial reformado Ronnie Lessa, era vizinho de Bolsonaro em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca. Ronnie Lessa também é suspeito de integrar milícias.

A família Bolsonaro sempre negou qualquer envolvimento com as milícias e com a morte de Marielle e Anderson.

Rio de Janeiro vive crise na segurança

Ao menos 35 ônibus foram incendiados e diversas vias foram interditadas na segunda-feira (23) na zona oeste do Rio de Janeiro. Veículos foram queimados após a morte de um miliciano. Um trem também foi incendiado.

Foram incendiados 20 ônibus de operação municipal, cinco BRTs e os demais são veículos de turismo e fretamento. A mobilidade foi comprometida em corredores como a Avenida Santa Cruz, Avenida Cesário de Melo e a Avenida das Américas.

Este é o maior número de ônibus queimados em um único dia na história do município do Rio, segundo informou o sindicato ao UOL.

Morte de miliciano

O miliciano Matheus da Silva Rezende, conhecido pelos apelidos Teteu e Faustão, morreu Imagem: Reprodução

O miliciano que morreu foi identificado como Matheus da Silva Rezende, conhecido pelos apelidos Teteu e Faustão.

Matheus é sobrinho de Luis Antonio da Silva Braga, ou "Zinho", o primeiro homem da maior milícia do Rio, que atua na zona oeste. Zinho herdou o comando da organização após a morte do seu irmão, o Wellington da Silva Braga, o Ecko, em 2021.

Matheus foi morto hoje durante uma suposta troca de tiros com a Polícia Civil durante uma operação na região de Três Pontes, em Santa Cruz, na zona oeste do Rio. A ação teve o apoio da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais; que é o grupo de eleite da Polícia Civil do estado), Polinter e unidades especializadas, informou o jornal O Globo.

"Teteu" é apontado em investigações, segundo o jornal, como o principal homem de guerra de Zinho na disputa de territórios contra os rivais. Ele seria o responsável por chefiar as rondas feitas pela milícia do tio dentro da zona oeste.

Na operação que Teteu morreu, uma criança de dez anos foi atingida de raspão na perna por uma bala perdida. Não há informações sobre o estado de saúde dela.

Matheus era considerado pela polícia como o segundo homem na atual hierarquia da maior milícia do Rio, comandada pelo seu tio.

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