STF: Eduardo Bolsonaro terá que explicar fala sobre professor e traficante
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Kassio Nunes Marques, solicitou que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) preste esclarecimentos sobre um discurso em que comparou professores e traficantes.
O que aconteceu
Nunes Marques deu 15 dias para que o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) dê explicações sobre sua fala — que ocorreu em um ato realizado pelo grupo "Pró Armas" em Brasília em julho. O ministro foi indicado pelo ex-presidente ao cargo.
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No evento, Eduardo Bolsonaro disse que "não tem diferença de um professor doutrinador para um traficante de drogas que tenta sequestrar e levar os nossos filhos para o mundo do crime". Ao UOL, a assessoria de imprensa do deputado disse que não recebeu a notificação.
Nunes Marques fez o despacho na queixa-crime oferecida pela deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL-SP). No processo, a parlamentar afirma que teve sua honra subjetiva afetada pela fala de Eduardo — ela é professora, mas está licenciada do cargo devido ao mandato.
Eduardo participava de um ato a favor da flexibilização do porte e da posse de armas para pessoas comuns. Ele afirmou ainda que "talvez até o professor doutrinador" seria "pior" do que um traficante.
Prestem atenção na educação dos filhos. Tentem ver o que eles estão aprendendo nas escolas. Não vai ter espaço para professor doutrinador tentar sequestrar as nossas crianças.
Eduardo Bolsonaro, deputado federal (PL-SP), em julho
Professores pedem R$ 62 milhões
Uma associação de professores do Paraná entrou com ação civil pública contra o deputado pela mesma fala. Os educadores pedem que o deputado pague R$ 20 mil a cada um dos integrantes do grupo — o que totaliza mais de R$ 62 milhões.
Os professores também pediram uma retratação pública do parlamentar.
A conduta do deputado coloca em risco a integridade física de todas as professoras e professores, ao incitar o preconceito e o ódio contra toda a categoria, instigando militantes radicalizados e armados a agirem e tratarem os docentes como "inimigos" das famílias brasileiras.
Associação de Professores das Universidades do Paraná