SP: Mais de 300 mil imóveis estão sem luz; Tarcísio e Nunes cobram empresas
Cerca de 320 mil imóveis continuam sem luz no estado de São Paulo, segundo o governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Ele e o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), cobraram planos das empresas responsáveis pela distribuição de energia.
O que aconteceu
Tarcísio também citou a queda de árvores e a falha de comunicação como justificativas para falta de energia nas cidades paulistas. O governador e o prefeito se reuniram com representantes das concessionárias, que são responsáveis pela distribuição de luz no estado e na capital paulista.
Participaram da reunião representantes da CPFL, Enel Brasil, Energia Sul e Sudeste, EDP Brasil e Neoenergia Elektro. O presidente da Alesp, André do Prado (PL), também marcou presença. As empresas são reguladas pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
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A previsão para normalização é nesta terça-feira (7). Só na capital, mais de 185 mil imóveis continuam sem energia.
Durante a reunião ficou acordado que as empresas devem priorizar a normalização de energia nas cidades, mas também estruturarem planos de contingência para eventos futuros.
Como vamos nos preparar melhor para esses eventos, principalmente no fluxo de informações? Quando fazemos uma análise, percebemos que houve problema de fluxo de comunicação, falhou. Temos que ter essa comunicação extremamente azeitada.
Tarcísio de Freitas, governador de SP
Segundo Tarcísio, "o grande vilão foi a questão arbórea". Ele afirmou que a ideia é verificar boas experiências em outros estados brasileiros sobre o manejo arbóreo. "Essa é uma das soluções mais baratas e efetivas", disse o governador, citando o Paraná como um dos exemplos a serem estudados.
O prefeito da capital adotou um tom mais duro e disse que os eventos vão continuar acontecendo, mas as concessionárias "têm a obrigação de se prepararem". Nunes afirmou que se a normalização não ocorrer até amanhã, vai entrar na Justiça contra a Enel, que distribui energia na cidade, e que não está contente com o serviço entregue.
É preciso melhorar o nível de responsabilização e o nível de exigência para as respostas no momento que a gente percebe que as mudanças climáticas estão postas.
Ricardo Nunes, prefeito de SP
Em entrevista ao UOL News, o prefeito já havia criticado o contrato de privatização com a empresa. Nunes disse que o erro no acordo foi do governo federal. A empresa é controladora da Eletropaulo desde 2018 e segue regras previstas em contrato de 1998 com duração de 30 anos.
Precisa haver uma readequação desse contrato para essa questão das mudanças climáticas. Não é possível que a Enel, com todos esses problemas, tenha um volume pequeno de equipes perante o tamanho do nosso problema.
Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo
Processo de fiscalização começou, diz Aneel
O diretor-geral da Aneel, Sandoval de Araújo Feitosa Neto, também participou da reunião e disse que os processos de fiscalização do trabalho das concessionárias já teve início. Se identificadas falhas, as empresas podem ser multadas.
Temos que ter em perspectiva que o evento que estamos tratando foi completamente atípico, que é reconhecido na regulação como um evento critico. Em situações como essas, a distribuidora de energia tem alguma isenção de responsabilidade, mas não toda.
Sandoval de Araújo Feitosa Neto, diretor-geral da Aneel
O presidente da Enel em São Paulo, Max Xavier Lins, disse prometeu que a empresa vai estudar formas de ressarcir os moradores — não foram dadas mais detalhes. Segundo Tarcísio, as concessionárias terão o prazo de 30 dias para dizer o que fará nesse sentido, incluindo pequenos comerciantes afetados.
Melhorias na comunicação também devem ser aperfeiçoadas. O governador disse que durante a operação para reestabelecer a energia, ocorreram situações em que equipes levaram o gerador para um local que já estava com energia
Chuva deixou mais de 2 milhões sem luz
O temporal que atingiu a capital paulista e outras cidades do estado de São Paulo na sexta-feira (3) deixou mais de 2 milhões de pessoas sem luz. Durante a coletiva, a Enel informou que 320 mil imóveis estavam sem luz às 17h.
Ventos de mais de 100 km/h derrubaram árvores e postes, prejudicando a fiação elétrica. Segundo a Prefeitura de São Paulo, as rajadas de vento foram as maiores registradas desde 1995 pelo CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências).
As chuvas também mataram sete pessoas em todo o estado. As mortes foram registradas na capital e nas cidades de Ilhabela, Limeira, Osasco, Santo André e Suzano.