Holiday mente ao dizer que Dino se encontrou com 'dama do tráfico'
Do UOL, São Paulo
14/11/2023 16h11
Fernando Holiday (PL), vereador da Câmara Municipal de São Paulo, postou um vídeo do ministro da Justiça, Flávio Dino, ao lado de uma humorista, dizendo que a mulher era a ''dama do tráfico''. O ministro anunciou que vai processar o parlamentar.
O que aconteceu
Fernando Holiday divulgou hoje em sua rede social X um vídeo do ministro da Justiça e Segurança Pública junto com a influenciadora Vi Álvares. "Flávio Dino mentiu ao dizer que nunca se reuniu com a 'dama do tráfico'. A sua posição está insustentável'', escreveu na legenda, em referência a Luciane Barbosa Farias, conhecida como "dama do tráfico amazonense". Em seguida, o vereador apagou a publicação.
Na mesma rede social, Flávio Dino, sem citar nominalmente Holiday, disse que processará os "autores das mentiras". "Aliás, fui avisado por um jornalista que a próxima 'notícia jornalística' é que tenho ligações com o PCC. Então, vamos resumir os delírios: 1. Eu "interfiro" na Polícia Federal; 2. Eu, ao mesmo tempo, tenho "ligações" com o Comando Vermelho e com o PCC. Mas não há prova de nada, rigorosamente nada, então precisam de uma reunião que não existiu e de uma fraude com um vídeo. Daqui a pouco vão descobrir que sou mesmo um super-herói dos Vingadores. Além de criminosos, são ridículos", completou o ministro.
Entenda o caso
Luciane Barbosa Farias, conhecida como dama do tráfico amazonense, esteve em audiências no prédio do Ministério da Justiça, em Brasília. Ela é casada com Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, apontado como um dos líderes do Comando Vermelho.
Nas redes sociais, Luciane compartilhou várias fotos e vídeos em Brasília. Ela já esteve no CNJ (Conselho Nacional de Justiça), na Câmara dos Deputados e em encontro com políticos.
O Ministério da Justiça admitiu ao Estadão que Luciane foi recebida por secretários, mas ressaltou que ela integrava uma comitiva de advogados. "A presença de acompanhantes é de responsabilidade exclusiva da entidade requerente e das advogadas que se apresentaram como suas dirigentes".
Luciane esteve no Ministério da Justiça como presidente da ILA (Associação Instituto Liberdade do Amazonas). A Polícia Civil do AM diz que a ONG atua em prol dos presos ligados ao Comando Vermelho e é financiada com dinheiro do tráfico.
Em 19 de março, Luciane esteve com Elias Vaz, secretário nacional de Assuntos Legislativos. Em 2 de maio, ela se encontrou com Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais.
O Estadão procurou o Instituto Liberdade do Amazonas, mas não conseguiu retorno. A advogada de Luciane, Cristiane Gama Guimarães Generoso, diz que não fala sobre processos de seus clientes. "Que absurdo é esse?", respondeu sobre a acusação do MP sobre Luciane.
Já o Ministério da Justiça diz que seria "impossível" a detecção prévia da situação de Luciane. Leia na íntegra:
"No dia 16 de março, a Secretaria de Assuntos Legislativos (SAL) atendeu solicitação de agenda da Anacrim (Associação Nacional da Advocacia Criminal), com a presença de várias advogadas.
A cidadã mencionada no pedido de nota não foi a requerente da audiência, e sim uma entidade de advogados. A presença de acompanhantes é de responsabilidade exclusiva da entidade requerente e das advogadas que se apresentaram como suas dirigentes.
Por não se tratar de assunto da pasta, a Anacrim, que solicitou a agenda, foi orientada a pedir reunião na Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).
A agenda na Senappen e da Anacrim aconteceu no dia 2 de maio, quando foram apresentadas reivindicações da Anacrim.
Não houve qualquer outro andamento do tema."