Com Michelle, maquiador ironiza ações contra homenagem em SP: 'Piçol'
Do UOL, em São Paulo
14/03/2024 23h01Atualizada em 14/03/2024 23h18
O maquiador Agustin Fernandez ironizou as ações do PSOL que tentam barrar a entrega do título de cidadã honorária de São Paulo à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) no Theatro Municipal da cidade. As falas ocorreram ao lado da presidente do PL Mulher nesta quinta-feira (14).
O que aconteceu
"Se não está fácil pra você, imagina pra Michelle que está sendo cancelada pelo povo do PIÇOL", diz o texto que acompanhou o vídeo publicado por Fernandez. Ele, que é amigo pessoal e maquiador da ex-primeira-dama, ainda descreveu a situação como "humilhante" para a amiga. A postagem foi realizada nos stories do Instagram.
É possível ouvir Michelle rindo no vídeo. A ex-primeira-dama ainda diz: "Se está querendo cancelar é porque é importante".
Maquiador continua com outras ironias, apontando para a câmera e para outras pessoas que estão no local. "Amor, se não está fácil para você e para você, imagina para quem está sendo cancelada pelo PSOL. Amiga, pelo PSOL?". Na sequência, é possível ouvir alguém falando "pelo amor".
Evento está previsto para ocorrer no próximo dia 25 de março, das 20h às 22h, para mil convidados. O evento ainda deverá contar com a apresentação da banda da Polícia Militar de São Paulo.
Procurada pelo UOL, a deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL-SP), uma das autoras das representações que pede apuração do caso, disse que o acionamento dos órgãos de controle foram necessários porque o "ato é flagrantemente ilegal, imoral e utiliza a máquina pública e o dinheiro público da população para campanha eleitoral". "O Theatro pertence ao povo paulistano que o mantém com o pagamento de impostos", acrescentou.
A reportagem tenta contato com Michelle Bolsonaro e com o PSOL Nacional. O texto será atualizado tão logo haja manifestação.
Amiga, uma mulher como você era para ser cancelada pela Beyoncé, no mínimo. É muita humilhação.
Agustin Fernandez, maquiador
Entenda o caso
Prefeitura de São Paulo liberou o uso do Theatro Municipal da cidade para a cerimônia. A gestão municipal alega que o pedido para uso do espaço foi realizado via ofício. A solicitação foi feita pelo vereador Rinaldi Digilio (União Brasil), um dos responsáveis pelo projeto, aprovado em novembro de 2023, e, segundo a gestão municipal, foi aceito em razão da "disponibilidade do espaço". Porém, os eventos para a concessão do título são comumente realizados na própria Câmara Municipal, na Bela Vista, no centro da cidade.
"Não há excepcionalidade nesse caso, uma vez que é normal a cessão de espaço para eventos de órgãos públicos", esclarece a Prefeitura. Em nota, a gestão municipal diz que o Theatro Municipal já foi utilizado para "realização de eventos de interesse de diversos órgãos públicos".
Políticos do PSOL pedem apuração contra a Prefeitura no Ministério Público Eleitoral de São Paulo. Os deputados Carlos Giannazi e Luciene Cavalcante e o vereador Celso Giannazi classificam a homenagem como um abuso político do prefeito Ricardo Nunes, que deve tentar a reeleição neste ano. Os parlamentares também encaminharam a solicitação de apuração para a Procuradoria de Justiça do Patrimônio Público e Social de São Paulo e apontaram a possível prática de crime de peculato contra a administração pública.
Michelle Bolsonaro, do mesmo partido do ex-presidente, é forte candidata ao Senado Federal nas eleições de 2026 e possui grande relevância política para Nunes na campanha deste ano à Prefeitura de São Paulo. Neste ínterim, restam nítidos os interesses pessoais e políticos do representado [Ricardo Nunes] para utilizar-se do bem público, motivo pelo qual necessária a intervenção do Ministério Público.
Deputados do PSOL, em solicitações
Deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) e a ativista Amanda Paschoal entraram com ação na Justiça de São Paulo. A ação popular pede a suspensão dos atos da Prefeitura municipal que permitiram a realização do evento no Theatro Municipal. Documento aponta que o objetivo do evento é a "promoção pessoal de uma figura, no caso Michelle Bolsonaro, que não possui qualquer vínculo com a administração pública, e a campanha antecipada, em equipamento público, da pré-candidatura à reeleição do atual prefeito".
Segundo parlamentares do PSOL, o aluguel do espaço, "que é mantido pelos impostos da população", custa cerca de R$ 150 mil por noite para cerimônias privadas.