Grupo de militares cogitou baixa coletiva após vitória de Lula, diz coronel
A vitória do atual presidente Lula (PT) nas eleições de 2022 levou um grupo de militares a cogitar uma baixa coletiva, de acordo com o depoimento do coronel Sergio Cavaliére, divulgado nesta sexta (15) pelo STF (Supremo Tribunal Federal), no âmbito do inquérito da tentativa de golpe de Estado bolsonarista.
O que aconteceu
Militares não queriam ser comandados por Lula. Segundo Cavaliére, havia "uma angústia" entre aqueles que "não gostariam de ser comandados pelo candidato eleito". O coronel diz que a situação é "um grande motivo de vergonha" para ele, algo que se mantinha na ocasião do depoimento, prestado no último dia 22.
"Saída compulsória" foi cogitada como forma de não ter "Lula como Comandante Supremo das Forças Armadas". Cavaliére destaca que existia "uma grande insatisfação nos círculos mais baixos de hierarquia (oficiais subalternos, praças)", havendo inclusive "conflitos de opiniões" em alguns quartéis por isso.
Coronel atuou na Academia das Agulhas Negras durante o governo Bolsonaro. Cavaliere serviu entre 2019 e 2022 na unidade, que forma os oficiais do Exército (militares responsáveis pelas funções de comando das tropas). Ele trocou várias mensagens com o tenente-coronel Mauro Cid, assessor direto do ex-presidente.
Coronel caiu em áudio falso
Cavaliére enviou a Cid áudio de supostos hackers do interior de São Paulo. As gravações informavam que teria havido mais de 2 milhões de votos após 18h no dia das eleições. Segundo o coronel, sua intenção ao enviar foi de tentar descobrir se o conteúdo "fazia sentido ou era uma brincadeira de internet".
"Nosso pessoal que fez", respondeu Cid. No depoimento, Cavaliére disse não saber "o que Mauro Cid quis dizer com essa frase", nem quem seria o "nosso pessoal" ao qual o tenente-coronel se referia na mensagem — mas confirmou que a citação poderia se referir a "pessoas que estavam a frente dos estudos de vulnerabilidade das urnas eletrônicas".
Viatura que levou Cavaliére a um dos depoimentos foi apreendida por sinais de adulteração na placa. A situação aconteceu na sede da Polícia Federal do Rio no dia do depoimento em questão. Um inquérito militar foi aberto para investigar o caso.
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