Moraes critica matéria do UOL sobre estratégia de Bolsonaro no TSE
do UOL, em Brasília
24/05/2024 19h04
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes, enviou uma nota ao UOL criticando a reportagem das colunistas Carolina Brígido e Carla Araújo sobre estratégia adotada pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo o ministro, a matéria 'Defesa matou chance de Bolsonaro concorrer em 2026, dizem ministros do TSE' seria mentirosa. "Sob o manto do sigilo de fonte a jornalista inventou fatos e versões", diz a nota, que não aponta qual informação o ministro considera equivocada.
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Apesar da declaração do ministro, o UOL reitera a veracidade do conteúdo da reportagem, que contou com apuração junto a ministros que integram a corte eleitoral.
Moraes também criticou o texto publicado pelo colunista do UOL, Wálter Maierovictch, no qual ele diz que os ministros do TSE que foram fontes da matéria se portaram de forma 'fofoqueira' e antiética.
"Ainda mais lamentável é o fato de um jurista como Wálter Maierovictch ter repercutido a matéria em sua coluna sem checar a veracidade das informações, elaborando uma coluna baseada em informações falsas".
Moraes afirmou ainda que "a imprensa livre é um dos principais pilares democráticos em qualquer país", mas que a reportagem em questão, na sua opinião, seria similar a uma fake news.
"Infelizmente, ao haver esse tipo de publicação em veículo de relevância nacional como o UOL, contata-se que as fake news e notícias fraudulentas não ficam restritas apenas às redes sociais. Não há democracia sem uma imprensa forte, consciente e responsável. Essa responsabilidade, portanto, deve ser exercida diuturnamente e incansavelmente por todos os profissionais da imprensa", finaliza a nota.
Apuração mantida
Conforme mostrou a reportagem, a chance de ser revertida a condenação de Jair Bolsonaro para habilitá-lo para a disputa presidencial de 2026 é praticamente nula. Na avaliação de ministros do TSE, que falaram com as jornalistas em condição de anonimato, a estratégia adotada pelos advogados de Bolsonaro enterrou essa possibilidade.
Procurado pelo UOL, o advogado de Bolsonaro, Tarcísio Vieira, afirmou que "não parece inteligente discutir estratégia de defesa com a imprensa".
Não existe mais brecha para a defesa entrar com recurso à condenação no TSE. Os advogados tinham duas opções. Uma delas seria continuar recorrendo à corte eleitoral com embargos de declaração, sem apelar ao STF (Supremo Tribunal Federal). Ainda que os pedidos fossem negados, o processo ficaria vivo no tribunal por algum tempo, até que a mudança na composição do plenário fosse mais favorável ao ex-presidente.
Nas eleições de 2026, a presidência do TSE será do ministro Kassio Nunes Marques e a vice, de André Mendonça. Os dois foram escolhidos por Bolsonaro para compor o STF.
No entanto, a defesa do ex-presidente optou por recorrer logo ao Supremo. Com isso, não seria mais possível questionar as condenações perante o TSE.
No STF, as chances de Bolsonaro são menores, porque a decisão seria tomada pelo colegiado, onde o ex-presidente tem o apoio da minoria.