PF marca depoimento de Cid após descobrir nova joia que seria de Bolsonaro
Colunista do UOL, em Brasília e do UOL, em São Paulo
13/06/2024 11h54Atualizada em 13/06/2024 14h46
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), foi intimado a depor novamente à Polícia Federal após o órgão encontrar indícios de que mais uma joia recebida pelo ex-presidente teria sido negociada nos Estados Unidos.
O que aconteceu
Cid e o pai, o general Mauro Lourena Cid, foram intimados e o depoimento está previsto para a terça-feira (18). As oitivas deverão contemplar a negociação dessa nova joia, descoberta em diligências realizadas em conjunto pela PF e pelo FBI nos Estados Unidos no mês passado. A informação foi dada pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, na terça-feira (11).
Com a descoberta, o inquérito sobre o caso vai se estender, com conclusão prevista ainda para junho. A investigação já estava sendo finalizada, mas foi adiada por causa desse nova peça.
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O novo elemento reforça as suspeitas contra Bolsonaro e robustece ainda mais a investigação, na avaliação da PF. As investigações querem descobrir se o ex-presidente ficou com parte do dinheiro das joias que ele recebeu em viagens oficiais e depois foram vendidas nos Estados Unidos.
Esse foi um dos fatores que levou a [a investigação] a avançar uma semana, dez dias para concluir. Essa diligência no exterior, com nossa equipe e equipe do FBI, localizou que além dessas joias que já sabíamos, houve a negociação de uma outra joia que não estava no foco dessa investigação. Não sei se já foi vendida ou não foi. Houve o encontro de um novo bem vendido ou tentado ser vendido no exterior.
Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF, em café com jornalistas na terça-feira (11)
Bolsonaro diz desconhecer a joia
O ex-presidente afirmou na quarta-feira (12) que "desconhece" a existência da joia. O ex-chefe do Executivo, afirmou que, se houve negociações para se desfazer do bem, isso não "chegou" até ele. As declarações foram dadas ao portal Metrópoles.
"Não sei nem o que é", disse Bolsonaro sobre a peça. Ele também negou ter conhecimento sobre as negociações investigadas pela PF. "Se teve algo nesse sentido (negociação), sequer chegou ao meu conhecimento. Sobre essa questão de presentes recebidos, havia muitas pessoas. Algumas informações me chegavam muito depois. E, por vezes, nem chegavam até mim".
Quais são os inquéritos em andamento que envolvem Bolsonaro
O inquérito que investiga a fraude no cartão de vacinação do ex-presidente e seus auxiliares deve ser encerrado em junho, segundo Rodrigues. A primeira conclusão deste caso, que inclui informações da delação de Cid, foi apresentada em março, com o indiciamento de Bolsonaro e de mais 16 pessoas.
O caso do cartão de vacinação depende de informações de autoridades americanas. Cid revelou que falsificou os documentos de vacinação de Bolsonaro e de sua filha mais nova, que é menor de idade. Mas a PF quer saber se o ex-presidente efetivamente apresentou a carteira ao entrar no país no fim de 2022.
Investigações sobre a tentativa de golpe de Estado e sobre espionagem na Abin vêm na sequência. A primeira se refere à minuta de golpe elaborada em 2022 que previa intervenção no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para impedir a posse do presidente Lula (PT). O diretor-geral da PF estima que o caso seja concluído em julho.
As investigações sobre a espionagem na Abin devem ser concluída até agosto. O inquérito investiga o uso da estrutura da Agência Brasileira de Inteligência para monitorar desafetos de Bolsonaro durante seu governo. Rodrigues afirmou que negocia um acordo de colaboração premiada neste caso.