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OPINIÃO

Reinaldo: Valdemar arma tática pra manter Tarcísio refém de Bolsonaro

Colaboração para o UOL

17/06/2024 15h38Atualizada em 17/06/2024 15h38

O colunista Reinaldo Azevedo afirmou no Olha Aqui! desta segunda (17) que a declaração do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, de que Jair Bolsonaro será o candidato do partido ao Planalto é uma tática para manter o bolsonarismo vivo e controlar as ambições do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

É claro, ele sabe que Bolsonaro não será candidato. Isso é uma tática pra manter o bolsonarismo unido. O Bolsonaro, obcecado como é pelo Lula, se você olhar, ele mantém a tática que o Lula usou quando foi preso, [e ficou] inelegível. Só que [no caso do] Lula, ainda havia recursos pendentes da condenação, até porque não era uma condenação na Justiça Eleitoral. Tanto é que o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] julgou a elegibilidade do Lula [PT] ou não, mesmo com o Lula condenado na esfera penal. E o PT dizia: 'O candidato é o Lula, o candidato é o Lula'. Na última hora, sabendo que não iria acontecer e o PT também sabia que não, o Lula indicou o [Fernando] Haddad, que foi o que deixou o Ciro [Gomes] surtado. E com a indicação do Lula, o Haddad foi parar no 2º turno e teve um bom desempenho. Teve mais de 40% dos votos no 2º turno, numa eleição que era impossível de ganhar, considerando as coisas como vinham. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

Reinaldo destaca que a estratégia de Valdemar e de Bolsonaro é um recado a possíveis candidatos.

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O Bolsonaro repete a tática nesse sentido: o candidato é Bolsonaro, o candidato é Bolsonaro, porque o candidato sendo Bolsonaro não aparece nenhum outro. E o próprio Valdemar da Costa Neto entrega o jogo. Ele diz: 'O candidato é o Bolsonaro ou quem o Bolsonaro indicar. Então, pronto. Bolsonaro tem o controle da sucessão no que diz respeito ao PL, fica claro que o candidato será do PL e do bolsonarismo, obviamente, quem o Bolsonaro quiser. Isso é um recado aos demais candidatos. 'Ou vocês se ajoelham ou não tem saída. Sou eu. O candidato é ele'. Por exemplo, um direitista como o Ronaldo Caiado [União Brasil-GO]. É um cara, sem dúvida, de direita, mas ele transita numa faixa própria. Ele não é bolsonarista. Ele pode se associar, [compartilhar] teses, mas ele não é bolsonarista. Ele tem a sua própria história. Só seria candidato se o Bolsonaro dissesse que sim. O Zema [Novo-MG], esse eu acho que está completamente descartado, mas é a mesma coisa.

E o candidato todo mundo sabe, hoje, é o Tarcísio. Vai depender muito do governo Lula. Em quê? Se a situação continuar como está — um meio a meio em aprovação e reprovação, pouquinho a mais de aprova que de reprova —, a análise que se faz é 'Bom, um Tarcísio conseguiria'. Porque vem com apoio da extrema direita, terá apoio unânime — já tem — da esmagadora maioria dos meios de comunicação, especialmente em razão do mau humor desse pedaço da opinião pública com a economia — injustificado, mas está aí. Então, o Tarcísio teria condições e você tem, aí, uma eventual volta do bolsonarismo revigorado. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

Para Reinaldo, o objetivo final é controlar Tarcísio de Freitas.

E aí, sim, Tarcísio na Presidência, um Congresso que continuará conservador, aí se pode tentar todas as anistias do mundo. Nessa circunstância poderia haver mais boa vontade — se imagina — no Supremo [Tribunal Federal], porque tudo isso pararia no Supremo. Um pouco é o cenário que essa gente tem. Mas, pra que esse cenário venha, é preciso que se mantenha a fantasia de que Bolsonaro é candidato, de que reverter a inelegibilidade dele é possível. Não é possível, não vai acontecer, abaixo de zero.

Isso é uma tática pra conservar na mão do Bolsonaro a decisão. Também serve como uma trava ao Tarcísio pra que não ouse tentar fugir do controle. Eles sabem que o Tarcísio, por natureza, é um pouco mais amplo que o Bolsonaro, ele conversa, já hoje, com um círculo um pouco maior, tem a simpatia de alguns setores que com o Bolsonaro não tem muito trânsito. (...) Há essa construção, é ele o candidato. O Bolsonaro tem medo que isso fuja, digamos... Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

Por isso, a tática de fazer um Tarcísio dependente de Jair Bolsonaro.

Tarcísio não pode ser um candidato que independa de Bolsonaro, porque, se for, ele vai querer se livrar do Bolsonaro. Ele não pode se livrar do Bolsonaro. Bolsonaro está dizendo: 'Não, é comigo até o fim, é meu refém. O prefeito de SP [Ricardo Nunes/MDB] tentou ser candidato de um arco de alianças que tem até gente ali de centro e ter o bolsonarismo junto. Bolsonaro falou: 'Assim não serve. O vice tem de ser um ultrarreacionário que, inclusive, fez discurso golpista. É isso que a gente quer'. E ele vai impor o vice, não tem jeito. Na verdade, essa declaração do Valdemar é mais uma declaração: 'Vamos controlar Tarcísio'.

Valdemar e Tarcísio não são da mesma enfermaria. No Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes] eu tenho memória de o Tarcísio botando pra correr gente do Valdemar. Lembrem-se: Valdemar tentou engolfar Tarcísio, anunciou uma filiação dele ao PL que não aconteceu, foi uma filiação que tentaram fazer via imprensa. Então, essa declaração aí não é pra falar que Bolsonaro será candidato zorra nenhuma, porque ele não vai ser. É pra segurar a sucessão, claro, no que diz respeito ao PL na mão do Bolsonaro e da direita, pra manter a mística nas redes sociais e pra avisar o Tarcísio: 'Ou é aqui, com a gente, ou não será'. Melhor a reeleição do Lula do que a eleição de um ingrato. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

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