PT quer convocar Campos Neto para dar explicações à Câmara antes do recesso
Deputados do PT articulam chamar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para falar na CMO (Comissão Mista de Orçamento) antes do recesso parlamentar.
O que aconteceu
Pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o presidente do Banco Central deve comparecer ao colegiado no final de cada trimestre. O convite é realizado pelo presidente do colegiado para que a autoridade apresente uma avaliação sobre o cumprimento dos objetivos e metas das políticas monetária. Em 2023, a então presidente da CMO, senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB), não convidou Campos Neto para a prestação de contas.
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Deputados do PT afirmaram ao UOL que tentam articular a presença de Campos Neto ainda nas primeiras semanas de julho. A movimentação acontece após o presidente Lula (PT) dizer que Campos Neto "tem lado político e prejudica o país". "Um presidente do Banco Central que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que ajudar, porque não tem explicação a taxa de juros do jeito que está", declarou.
O presidente da CMO, deputado Julio Arcoverde (PP-PI), afirmou ao UOL que já iniciou as tratativas para trazer Campos Neto à comissão. O parlamentar, porém, não garantiu que a audiência aconteça antes do recesso. Segundo ele, o cenário mais possível é na primeira semana de agosto, já que em julho está prevista a leitura do relatório preliminar da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).
O deputado Merlong Solano (PT-PI) protocolou um pedido para convocar Campos Neto à prestar contas no colegiado. Arcoverde disse ao UOL, no entanto, que a LDO é a "prioridade" e não há previsão de pautar o pedido na próxima reunião da CMO.
A bancada do PT protocolou uma ação popular contra Campos Neto. A petição pede que a Justiça do Distrito Federal impeça o presidente do Banco Central de manifestar apoio político enquanto ocupa o cargo no BC.
Manutenção dos juros. O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (19) manter a Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, em 10,5% ao ano. Todos os membros do colegiado votaram por não mexer na taxa. O presidente Lula e o PT criticam o alto patamar da Selic.