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Witzel, 'serviço secreto russo': o áudio de Ramagem e Bolsonaro em 6 pontos

Jair Bolsonaro ao lado de Alexandre Ramagem Imagem: Jair Bolsonaro ao lado de Alexandre Ramagem

Colaboração para o UOL*

16/07/2024 12h19

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes derrubou ontem (15) o sigilo dos áudios do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gravados clandestinamente em 2020 pelo agora pré-candidato do PL à prefeitura do Rio, Alexandre Ramagem.

Entenda o áudio em seis pontos:

1 - Quem estava na conversa?

Hoje deputado federal, Alexandre Ramagem (PL-RJ) era delegado da Polícia Federal quando se aliou a Jair Bolsonaro (PL). Ele foi nomeado chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na gestão do ex-presidente, cargo que ocupou até 2022. Ramagem participa da conversa e teria sido o autor da gravação.

A conversa incluiu, além dele e do próprio Bolsonaro, o então chefe do GSI, Augusto Heleno. General da reserva e ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), ele pertenceu à chamada "linha dura" do regime durante a ditadura militar, teve um cargo de direção no COB (Comitê Olímpico do Brasil) e foi o comandante de paz da ONU durante missão polêmica no Haiti em 2004.

Também participaram as advogadas Luciana Pires e Juliana Bierrenbach. Ambas defendiam a tese de que auditores da Receita Federal teriam produzido relatórios financeiros de Flávio de maneira irregular. Por isso, diziam que seria possível derrubar a operação.

2 - 'Rachadinhas'

O encontro discutiu "caminhos" para a defesa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no inquérito sobre as "rachadinhas", apropriação de parte de salários de funcionários de seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio. Foram debatidas estratégias para barrar investigações de auditores da Receita Federal que levaram às informações centrais para enquadrar o parlamentar.

3 - Serviço secreto russo

Antes do que parece ser a entrada das duas advogadas na sala onde aconteceu a conversa, Bolsonaro diz a Augusto Heleno, que "quem passa as informações" para ele é um coronel do Exército e que deveria ter "trocado pelo serviço secreto russo".

Quem passa as informações pra mim é um coronel do Exército. Devia ter trocado pelo serviço secreto russo
Bolsonaro

4 - Chefe da Receita

Em meio ao encontro, o ex-presidente afirmou que era "o caso de conversar com o chefe da Receita". "Ninguém tá pedindo favor aqui. É o caso conversar com o chefe da Receita. O Tostes (José Barroso Tostes Neto)."

Bolsonaro também propôs uma conversa com "Canuto". Ele diz que ele seria do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), aparentemente em uma confusão com a Dataprev, onde o ex-ministro Gustavo Canuto estava alocado.

Era ministro meu e foi pra lá. Sem problema nenhum. Sem problema nenhum conversar com ele. Vai ter problema nenhum conversar com o Canuto.
Bolsonaro

5 - Pedido de Witzel

O ex-presidente afirmou até que o então governador do Rio, Wilson Witzel, tentou negociar uma vaga no Supremo em troca de "resolver" a investigação que mirava Flávio.

No ano passado, no meio do ano, encontrei com o Witzel. Ele falou: 'resolvo o caso do Flávio. Me dá uma vaga no Supremo
Bolsonaro

Wiltzel sofreu impeachment em 2020, pouco depois da conversa com Bolsonaro, por crime de responsabilidade na gestão de contratos da Saúde durante a pandemia.

6 - Receio de gravação

Durante a reunião, o ex-presidente externou seu receio de uma eventual gravação. Bolsonaro mencionou a possibilidade de uma gravação ambiental logo após sugerir "conversas" com o então secretário da Receita Federal e com a pessoa que seria, segundo o ex-presidente, da Serpro. Após a sugestão, o general Augusto Heleno fez um alerta para manter o "troço fechadíssimo".

Bolsonaro concorda e completa:

Tá certo. E deixar bem claro, a gente nunca sabe se alguém tá gravando alguma coisa, que não estamos procurando favorecimento de ninguém.
Bolsonaro

*Com Estadão Conteúdo

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