Conteúdo publicado há 3 meses

Quem é Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin e amigo da família Bolsonaro

Alvo de buscas e apreensão em seu gabinete, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) é aliado de Jair Bolsonaro (PL) e foi nomeado chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na gestão do ex-presidente, cargo que ocupou até 2022.

Quem é Alexandre Ramagem?

Hoje deputado, Ramagem era delegado da PF quando se aliou ao então candidato Jair Bolsonaro (PL). Ramagem se aproximou da família ainda na campanha de 2018, quando virou chefe da segurança pessoal de Bolsonaro depois da facada que o então candidato levou durante um evento eleitoral em Juiz de Fora (MG).

Ramagem desempenhou a função de delegado até 2019, no início do mandato de Bolsonaro. No começo daquele ano, foi nomeado superintendente da PF do Ceará, mas deixou a carreira para assessorar a Presidência República.

Em abril daquele ano, Bolsonaro tentou nomeá-lo chefe da Polícia Federal, mas foi impedido pelo STF. A tentativa de nomeação culminou com o pedido de demissão do então ministro da Justiça Sergio Moro, que afirmou que Bolsonaro queria interferir na Polícia Federal. Em sua decisão, o ministro do STF Alexandre de Moraes escreveu que a PF não é "órgão de inteligência da Presidência da República".

Em junho, Ramagem foi o escolhido para chefiar a Abin. "Grande parte do destino da nossa nação e das decisões que eu venha a tomar partirão das mãos dele [Ramagem]", discursou Bolsonaro na ocasião. Ramagem ficou na agência até 2022.

Ramagem virou amigo da família Bolsonaro. Ele passou o Réveillon de 2020 ao lado o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), então responsável pelas redes sociais do presidente e pela disseminação de notícias falsas em seu "gabinete do ódio". Ramagem chegou a usar verba de seu gabinete de deputado para contratar uma empresa de comunicação chefiada por ex-integrantes do grupo, revelou o jornal O Estado de S. Paulo.

Ele foi eleito no ano passado com 59.170 votos na primeira eleição que disputou. Ramagem declarou patrimônio de R$ 428 mil, incluindo um carro de luxo. Ele recebe como deputado um salário R$ 41 mil por mês, além R$ 6,7 mil de auxílio moradia.

Alexandre Ramagem ainda comom diretor-geral da Abin
Alexandre Ramagem ainda comom diretor-geral da Abin Imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado

Sua bandeira no Congresso é a segurança pública. Ele é um dos vice-líderes do PL na Câmara e membro do Conselho de Ética e da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado.

Continua após a publicidade

Até a operação de hoje, Ramagem era cotado para disputar a Prefeitura do Rio este ano. Seu nome virou opção para Bolsonaro depois que o favorito para a disputa, o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto, ficou inelegível junto com o ex-presidente em decisão do TSE no final de outubro último.

Ainda em outubro, a Abin foi alvo de uma operação da Polícia Federal. A ação prendeu dois servidores do órgão e visitou 25 endereços em oito estados e Brasília.

A suspeita era que as estruturas da Abin foram usadas para 33 mil rastreamentos ilegais. Alguns dos alvos foram autoridades, como o ministro Alexandre de Moraes. Na ocasião, Ramagem disse nas redes sociais que a operação foi possível graças ao "início de trabalhos de austeridade" no governo Bolsonaro.

A operação de hoje

Hoje, a PF cumpriu 21 mandados de buscas e apreensão contra Ramagem e outros ex-integrantes da sua gestão na Abin. As buscas acontecem em Brasília, Juiz de Fora (MG), São João Del Rei (MG) e Rio de Janeiro.

A PF realizou buscas no gabinete de Ramagem na Câmara e em seus endereços residenciais, além de outros alvos. Uma das medidas cautelares suspendeu o exercício das funções públicas de sete policiais federais.

Continua após a publicidade

O objetivo da operação é aprofundar a investigação iniciada no ano passado. A PF quer saber qual o papel do deputado na utilização de um programa espião comprado pela Abin que permitia monitorar a localização de pessoas sem autorização judicial.

*Com Agência Estado

Deixe seu comentário

Só para assinantes