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PF adia depoimento de ex-chefe da Receita sobre ajuda a Flávio Bolsonaro

13.mai.2015 - José Barroso Tostes Neto, ex-secretário da Receita Federal Imagem: Pedro França - 13.mai.2015/Agência Senado

Do UOL, em Brasília

25/07/2024 17h19

A Polícia Federal remarcou para a próxima segunda (29) o depoimento de José Barroso Tostes Neto, que foi secretário da Receita Federal no governo Jair Bolsonaro. A decisão atende a um pedido do próprio Tostes, que tinha oitiva prevista para hoje.

O que aconteceu

PF quer ouvir Tostes Neto sobre reunião de Bolsonaro com advogadas de Flávio. Áudio foi encontrado no celular de Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), e o conteúdo da reunião veio a público na semana passada. No encontro, ocorrido em agosto de 2021, o então presidente da República chegou a sugerir para as defensoras de seu filho, as advogadas Juliana Bierrenbach e Luciana Pires, que conversassem com Tostes Neto.

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Na época, a defesa de Flávio queria invalidar o trabalho de auditores. Flávio Bolsonaro era investigado por um suposto esquema de rachadinha em seu gabinete, no período em que foi deputado estadual no Rio. Investigação começou a partir de um relatório financeiro feito por auditores da Receita, em que foi apontada movimentação atípica de dinheiro.

Advogadas apontavam que órgão teria agido de forma ilegal. Tese de que a Receita teria acessado ilegalmente informações financeiras do senador era a principal estratégia das defensoras para buscar anular o caso. Elas buscaram o Palácio do Planalto para discutir quais medidas poderiam adotar em relação aos auditores.

Bolsonaro chegou a sugerir a elas que conversarem com Tostes Neto. No dia seguinte ao encontro com Bolsonaro, Ramagem, o então ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, e as advogadas acabaram se reunindo com Tostes Neto.

O áudio da reunião faz parte da investigação sobre a atuação da "Abin paralela". Polícia Federal aponta que agência de inteligência teria sido utilizada para perseguir desafetos, produzir dossiês, monitorar opositores e auxiliar as defesas dos filhos do ex-presidente.

Ramagem indica caminho para a defesa

Na reunião realizada em 2021, Ramagem propõe abrir procedimentos administrativos contra os auditores fiscais. Seria um passo para anular as investigações, e Bolsonaro concorda. O processo contra Flávio foi arquivado em 2022.

Bolsonaro pergunta quem mais resolveria o caso. A conversa indica que Bolsonaro teria utilizado de seu cargo para buscar ajudar a defesa do filho. Ele questiona com quem elas gostariam de falar para resolver o assunto. Em resposta, elas indicam que o melhor caminho seria o então chefe do Serpro, Gustavo Canuto. Na época, a defesa discutia uma estratégia para derrubar um relatório financeiro que apontava movimentações atípicas de Flávio Bolsonaro.

Após a revelação da gravação, Flávio Bolsonaro negou ter relação com a Abin. Segundo ele, a defesa focava em questões processuais, portanto, a Abin não teria nenhuma utilidade. Com o vazamento do áudio, ele criticou novamente a investigação. "O áudio mostra apenas minhas advogadas comunicando as suspeitas de que um grupo agia com interesses políticos dentro da Receita Federal e com objetivo de prejudicar a mim e a minha família. A partir dessas suspeitas, tomamos as medidas legais cabíveis."

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