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Advogado de ex-assessor de Moraes: 'Ministro pode muito, mas não pode tudo'

Eduardo Kuntz, advogado de Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), afirmou que um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) pode muito, mas não pode tudo. A declaração ocorreu durante entrevista no UOL News 2ª Edição desta sexta-feira (23). Ele fazia referência às ações de Moraes enquanto ministro do STF e quando era presidente do TSE.

Tagliaferro, ex-assessor de Moraes no setor do TSE responsável pelo monitoramento de desinformação nas redes sociais, foi intimado pela Polícia Federal nesta semana. Na quinta-feira (22), Moraes pediu para que a PF apreendesse o celular dele para investigar o possível vazamento de mensagens compartilhadas entre ele e o juiz auxiliar do gabinete do ministro. As mensagens foram reveladas pelo jornal Folha de S.Paulo.

O contato dele com o ministro Alexandre, eu posso dizer dos relatos que ele me disse, que não é [foi] zero, mas é próximo de. Esteve com o ministro três ou quatro vezes no máximo. O contato dele direto era com os juízes auxiliares. A relação me parece boa, até mesmo porque o desembargador Airton Vieira foi uma das testemunhas de defesa do caso do disparo de arma de fogo acidental (...), o próprio ministro reconhecia a competência do Eduardo. Então, não vejo razão para que se tenha essa desconfiança. Eduardo Kuntz, advogado de Eduardo Tagliaferro

Temos que, infelizmente, consolidar e aceitar que um ministro do Supremo Tribunal Federal pode muito, pode muito mesmo, mas não pode tudo. E tá na hora que a gente entenda isso e realmente persiga que o devido processo legal seja efetivamente respeitado. (...) Não quero adjetivar nem dourar de ouro nenhuma das minhas expressões. Conserto, com a Lei, não com a interpretação da Constituição, mas com o respeito dela, me sinto seguro em defender todos os meus clientes. Isso que a gente precisa fazer, respeitar a Constituição e parar de querer interpretá-la. Eduardo Kuntz, advogado de Eduardo Tagliaferro

Kuntz afirmou que o delegado que apreendeu aparelho celular que teria dado origem às mensagens que foram vazadas fez isso sem ordem judicial e questiona sua ação. O advogado não soube falar, na entrevista, o nome completo do delegado.

O delegado, sem qualquer ordem judicial, convence de que era importante deixar o telefone. Compadre Celso [amigo do meu cliente] deixa o telefone. Não quis expor ontem a Suprema Corte nem parecer estar atacando o ministro Alexandre de Moraes, mas a informação relevante que veio ontem nos autos é que o delegado de polícia, e aí a importância de que ele seja confrontado, e a defesa possa participar da sua outiva, disse ao Celso que esse telefone era muito importante e que o pessoal de Brasília estava louco atrás dele. Nem saberia se alguém do gabinete iria buscar ou se iria encaminhar ao gabinete de Moraes. Eduardo Kuntz, advogado de Eduardo Tagliaferro

Isso é muito importante e pode fechar muitas rotas, mas demonstra que mais uma vez, infelizmente, que o ministro Alexandre atua em um caso como delegado de polícia, como suposta vítima, e como réu. (...) A prova disso é o depoimento do Celso. Se isso realmente aconteceu ou não, o próprio delegado agora tem que ser chamado e explicar. Se isso não aconteceu, vamos olhar a cronologia e entender porque existem outras falhas: por que foi para a delegacia errada e não tinha ordem judicial? Por que o telefone não foi lacrado na presença do Celso? Por que esse telefone que foi entregue em perfeito estado depois apresentou problema? Eduardo Kuntz, advogado de Eduardo Tagliaferro

[Eu] Afasto veementemente que o vazamento [do conteúdo do telefone] partiu do Eduardo, e coloco em dúvida se nesses seis dias o telefone foi a Brasília ou não, se veio alguém de Brasília ou não, se ficou aqui em São Paulo e foi danificado por alguém. Alguma coisa aconteceu ou várias coisas aconteceram nesses seis dias. Eduardo Kuntz, advogado de Eduardo Tagliaferro

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