OPINIÃO
Tales: Bolsonaro é carta quase invisível até no baralho político da direita
Colaboração para o UOL, em São Paulo
30/10/2024 11h58
A ida de Jair Bolsonaro ao Senado para negociar a anistia a ele próprio e aos golpistas envolvidos no 8 de janeiro mostra como o ex-presidente se tornou um personagem irrelevante até mesmo dentro da direita, disse o colunista Tales Faria no UOL News desta quarta (30).
Questionado sobre sua liderança no campo conservador após os resultados das eleições municipais, Bolsonaro afirmou "não enxergar uma direita sem ele".
Bolsonaro dá a entender que deu o aval para a criação de uma comissão para adiar a discussão da anistia. Na verdade, ele teve que aceitar isso porque saiu fraco das eleições municipais. Assim como Lula está dizendo que não participou da eleição para presidente da Câmara, Bolsonaro, agora enfraquecido, diz ter dado esse aval.
Ninguém no Congresso está muito a fim de dar anistia ao Bolsonaro. Na eleição, ele mostrou ser capaz de trair até o PL e Valdemar [Costa Neto, presidente do partido]. Traiu a direita toda, o [Ronaldo] Caiado [governador de Goiás], Ratinho [Júnior, governador do Paraná], [Ricardo] Nunes [prefeito reeleito de São Paulo], [Pablo] Marçal... Traiu todo mundo.
Ninguém está pensando em deixar Bolsonaro como uma peça importante no jogo, por isso a anistia dançou. Ele teve que deixar isso para lá. Hoje, Bolsonaro é uma carta enfraquecida, quase invisível no baralho da política, inclusive da direita. Tales Faria, colunista do UOL
Na visão de Tales, só será possível discutir sobre uma possível anistia após a conclusão das investigações e a definição minuciosa da responsabilidade de cada um dos envolvidos.
Bolsonaro está fazendo a mesma coisa do Lula. Ambos estão fazendo teatro. Não dá para discutir anistia agora se nem o processo foi finalizado. É preciso ver quem são os mandantes e o comprometimento de cada um. Depois disso, a sociedade avalia. Tales Faria, colunista do UOL
Josias: Valdemar deve querer se reaproximar de Lula da forma mais esquisita
O caso da falsa filiação de Lula ao PL deve esconder um desejo de reaproximação entre Valdemar Costa Neto e o presidente da República, ironizou o colunista Josias de Souza.
É realmente incômoda esta descoberta de que um sujeito pode entrar no sistema do TSE pelas vias normais e inserir uma falsa filiação de um personagem notório como Lula. A despeito da notoriedade, ele virou um filiado do PL.
Deve ser um desejo incontido do Valdemar Costa Neto [presidente do PL] de voltar às boas com Lula. Valdemar já foi parceiro dele em aventuras políticas no passado. O vice do Lula nos seus primeiros mandatos foi José Alencar, que foi filiado ao PL e saiu em 2005, quando se descobriu que o partido havia se lambuzado naquele escândalo do mensalão. O próprio Valdemar foi condenado e passou uma temporada em cana.
Ele deve estar querendo se reaproximar do Lula da forma mais esquisita. É preciso explicar que não é o TSE quem faz esse registro. Há um sistema e o Tribunal fornece uma senha aos partidos, que recebem os pedidos de filiação e eles próprios colocam os dados. Aqui, foi o PL quem fez essa filiação [do Lula].
É incômoda essa impressão de que qualquer um pode fazer qualquer coisa nesse sistema. A despeito de não ter responsabilidade primária nisso, o TSE precisa ter um sistema qualquer para checagem. O Tribunal precisa tomar providências para evitar que episódios como esse se repitam. Josias de Souza, colunista do UOL
Assista ao comentário na íntegra:
Tales: PL precisa de alta punição em falsa filiação de Lula
O PL tem grande parcela de responsabilidade no caso da falsa filiação do presidente Lula (PT) ao partido e precisa ser punido com rigor pelo TSE, afirmou o colunista Tales Faria.
É um absurdo que não haja uma grande punição. Se o TSE dá ao partido a possibilidade de decidir sobre a filiação de alguém, ele precisa ser altamente responsabilizado sobre isso. Até porque há essa possibilidade de, em fazendo uma filiação, ser desfeita aquela que uma pessoa tiver com outro partido.
Primeiro: tem que haver uma alta responsabilização do PL. Segundo: o próprio Tribunal precisa ter um esquema de checagem. Não se pode automaticamente desfazer uma filiação a um partido a partir de um pedido de outra sigla. Esse esquema está errado. Tales Faria, colunista do UOL
Assista ao comentário na íntegra:
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