'Utopia', diz Bolsonaro sobre direita sem ele

Jair Bolsonaro chamou de "utopia" e descartou a formação de uma vertente da direita que não gravite em torno dele. O ex-presidente declarou que já existiram tentativas semelhantes no passado e todas naufragaram.

O que aconteceu

A afirmação é uma resposta a sugestões de viabilidade da direita longe do bolsonarismo. Neste ano, aliados do ex-presidente enfrentaram, e muitas vezes perderam, eleições para nomes de outros partidos de direita.

Bolsonaro disse que outros políticos não sabem a linguagem do povo. Ele falou que os adversários no campo da direita não juntam militantes em aeroportos e bate-papos.

O ex-presidente declarou que estes rivais tentar se estabelecer por meio de likes e lacração. Joice Hasselmann, Alexandre Frota e Janaina Paschoal são exemplos de políticos da direita que caíram no ostracismo ao se afastar de Bolsonaro.

Mas neste ano candidatos de direita não vinculados ao ex-presidente venceram em cidades importantes. Nomes apoiados por lideranças locais ganharam em cidades grandes como São Paulo, Curitiba e Goiânia.

Já tentaram várias vezes e não conseguiram. Esses caras juntam quantos pessoas no aeroporto, num bate-papo em qualquer lugar do Brasil? Não sabem a linguagem do povo. Eles têm uma utopia, muitos têm uma utopia.
Jair Bolsonaro (PL)

Troca de farpas

A derrota em Goiânia para o candidato do governador Ronaldo Caiado (União) gerou troca de hostilidades. No dia seguinte à abertura das urnas, Caiado disse que, diferentemente de Bolsonaro, sabe ganhar eleição.

Bolsonaro respondeu pessoalmente a Caiado nesta terça. Ele disse que o PL tinha um candidato diferente e acrescentou que o governador "vira inimigo" se desagradado.

Continua após a publicidade

Outro nome da direita que trocou hostilidades com o ex-presidente foi Pablo Marçal (PRTB). O candidato a prefeito de São Paulo não se curvou a liderança de Bolsonaro e ambos alternaram troca de farpas e afagos no primeiro turno.

Por fim, o ex-presidente foi preterido no discurso da vitória de Ricardo Nunes (MDB). O prefeito reeleito de São Paulo falou o nome de Bolsonaro uma vez, e de forma lateral.

Na mesma ocasião, Nunes sugeriu que o governador Tarcísio de Freitas é o futuro da direita. O ex-presidente falou hoje que conversou com Tarcísio nesta terça e ressaltou que a posição mais atual dele é que Bolsonaro deve ser o candidato da direita ao Planalto em 2026.

Todos os que tentaram se arvorar de líder através de likes ou de lacrações não chegou a lugar. São conhecidos como estrategistas intergalácticos.
Jair Bolsonaro

Nunes e Tarcísio se abraçam após a reeleição do prefeito
Nunes e Tarcísio se abraçam após a reeleição do prefeito Imagem: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO CONTEÚDO

PEC da Anistia

Bolsonaro disse que não vincula o apoio ao deputado Hugo Motta (PB) ao projeto da anistia dos presos de 8 de Janeiro. Mas ele admitiu que existem acordos que são feitos com o olho no olho.

Continua após a publicidade

O ex-presidente negou que esteja interessado no projeto para concorrer ao Planalto em 2026. Bolsonaro afirmou que a prioridade é libertar pessoas que estão presas. Ele não viu a criação de uma comissão especial na Câmara dos Deputados como forma de atrasar a discussão da PEC.

O UOL apurou que Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, estão inclinados a apoiar Hugo. A avaliação é que outros projetos podem ser usados para convencer a bancada. O partido vai se reunir amanhã para decidir posição.

Deixe seu comentário

Só para assinantes