'Congresso representa o inferno na minha vida', diz deputada Erika Hilton
Do UOL, em São Paulo
07/11/2024 18h09
A deputada federal Erika Hilton (PSOL) disse que o Congresso é "um lugar de gente horrorosa". As declarações foram dadas para a revista Glamour e publicadas nesta quinta (7).
Veja os principais destaques:
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'Gente horrorosa'
A deputada comentou sobre sua relação com o Congresso e a aposta no nome de Amanda Paschoal (PSOL), eleita vereadora em São Paulo com mais de 100 mil votos.
[O Congresso] representa, de fato, o inferno na minha vida. Apesar de não querer estigmatizar aquele espaço, nem Brasília, ali tenho que enfrentar muitos desafios. O Congresso é composto por gente horrorosa, que quer dificultar a nossa existência no mundo e não só no meu trabalho.Erika Hilton (PSOL), deputada federal
A Amanda [Paschoal], que trabalhou comigo nesses anos, foi minha aposta para o eleitor de São Paulo ter dentro do campo progressista uma mulher travesti para levar adiante na Câmara Municipal uma agenda deixada de lado, infelizmente, até por parte da esquerda, que questiona as pautas identitárias. Assim, vamos diminuindo essa ausência dentro da política. É um avanço pequeno diante da conjuntura do Brasil, mas nenhuma revolução em busca de direitos foi dada em uma largada.
Fortalecimento dos candidatos conservadores
Erika ressaltou a importância de ir além das pautas identitárias ao dialogar com setores conservadores, defendendo que as agendas de grupos sub-representados precisam incorporar também um debate de classe.
É preciso valorizar as agendas dessas sub-representações, mas não só como pautas exclusivas de identidade e, sim, com um debate de classe atrelado, além de avançar na formatação do nosso diálogo para reencantar as pessoas para a política.
Por exemplo, o contato por meio da estética ou outras formas de linguagem, como o que faço, dá uma sensação de pertencimento e crença no futuro. Estamos em uma disputa profundamente desleal graças a um orçamento favorecido, apoio de mídias hegemônicas e fundamentalismo religioso, mas permanecer na mesmice não tem nos trazido bons resultados.
'Perdemos um campo de debate'
Ela também declarou que não tem interesse, por enquanto, em disputar cargos executivos, como governo, prefeitura e presidência.
Não me imagino muito nessas candidaturas. Acho que, quando a gente sai para uma disputa ao poder executivo, sangramos, nos ferimos demais. Perdemos um campo de debate de diálogo de ideias para uma arena da barbárie, de ódio e intolerância, que não são combatidos. Cada vez mais, me assusto com o rumo que a política tem seguido e penso se o meu futuro ainda é dentro dela.
Por ora e por hoje, me direciono à próxima legislatura e ao legado que ainda quero construir no legislativo. Quando olho o meu primeiro mandato de vereadora, vejo que cresci politicamente, amadureci de lá para cá, o que mostra que precisa de tempo para consolidar uma história.
Pausa na carreira política
A deputada afirmou ainda que pensa em sair da carreira política, mas o que impede é a representatividade que ela tem e sabe o quanto é importante.
Penso [em parar] o tempo todo. Às vezes, estou muito exausta e me questiono: 'Poderia fazer outra coisa da minha vida e dar um tempo para o meu psicológico, para mim'. Mas lembro o quão necessária é a minha voz, o quanto as pessoas precisam dessa combatividade, como a minha vida, dor e história me levam para esse lugar. Assim, firmo minhas raízes no chão e tenho a convicção do trabalho que faço para reestruturar esse País, defender a democracia e os direitos humanos.