Erika rebate Nikolas: 'Quem tem coragem de debater assina PEC contra 6x1'
Do UOL, em São Paulo
12/11/2024 10h47Atualizada em 12/11/2024 10h47
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) rebateu o colega Nikolas Ferreira (PL-MG), que chamou de "bizarrice" o texto da parlamentar para uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que propõe acabar com a jornada de seis dias de trabalho para um de descanso.
O que aconteceu
Sem citar o nome de Nikolas, Erika afirmou que é preciso coragem para assinar a PEC e discutir o tema. "A questão agora é quem quer debater e quem quer fugir do debate", afirmou. "Quem tem coragem de debater assina."
Nikolas criticou a PEC após ser cobrado a se posicionar nas redes sociais. Ele falou em "bizarrice" e disse que a proposta apresenta contas equivocadas.
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Erika afirmou que a PEC só começará a tramitar na Câmara se conseguir 171 assinaturas. A partir de então, é discutida em duas comissões até que seja levado para votação no Plenário. "O que está sendo proposto agora é uma pauta política, onde incorpora as demandas do movimento VAT [Vida Além do Trabalho] para alcançarmos uma jornada 4x3", diz a deputada. Até o momento, a proposta colheu 134 assinaturas.
É uma proteção ao trabalhador que estou levando pro debate público e teremos o momento oportuno pra debater os detalhes, redação e o consenso no Congresso.
Erika Hilton, em nota
O que Nikolas disse
No vídeo divulgado em suas redes, Nikolas classificou a pressão como "ataque coordenado" e que não vai ceder. Ele afirmou que nenhum outro político foi pressionado a tomar posição no tema. A movimentação nas redes sociais, entretanto, pressionou diferentes políticos, incluindo parlamentares do PT.
O deputado do PL disse ainda que a escala 4x3 é uma "medida populista" e que pode gerar inflação. Nikolas afirmou que supermercados e hospitais não conseguem funcionar nesse esquema e aumentarão os custos que, segundo ele, atingirão os mais pobres.
Ele citou investigações da Lava Jato e gastos em campanhas de candidatos de esquerda com fundo eleitoral para criticar o texto. "Também fico puto com a diferença do salário de um deputado, de um senador, para um trabalhador, mas concorda que eu não tenho culpa do salário de um deputado?", disse.
Até agora apenas um deputado do PL defendeu a PEC. Fernando Rodolfo (PL-PE) justificou, em suas redes sociais, que o "interesse do povo deve estar acima dos interesses dos partidos", e por isso assinou a proposta.
O que diz o texto
PEC reduz de 44h para 36h por semana o limite máximo de horas semanais trabalhadas. Segundo Erika, o formato atual não permite ao trabalhador "estudar, de se aperfeiçoar, de se qualificar profissionalmente para mudar de carreira".
Número máximo de dias trabalhados por semana passaria a ser quatro, caso proposta seja aprovada. Hoje, a regra prevê que ninguém pode trabalhar mais que 8h por dia e 44h por semana — mas não proíbe que alguém trabalhe seis dias por semana, desde que não ultrapasse os limites previstos.
Pela PEC, salários não mudam. "A definição de valor salarial visa proteger o trabalhador de qualquer tentativa de redução indireta de remuneração", diz o texto.
Jornada de seis dias de trabalho e um de descanso ultrapassa o razoável, diz o texto. Qualidade de vida, saúde, bem-estar e relações familiares são alguns dos pontos citados pelo texto como prejudicados pelo formato atual.