Homem tenta invadir STF com explosivos e morre na praça dos Três Poderes
Do UOL, em Brasília e São Paulo
13/11/2024 19h55Atualizada em 14/11/2024 10h15
Um homem de 59 anos morreu após tentar invadir o prédio do STF (Supremo Tribunal Federal) na noite desta quarta-feira (13) com explosivos. Antes, ele detonou um carro com artefatos no estacionamento da Câmara dos Deputados.
O que aconteceu
O homem foi identificado e é Francisco Wanderley Luiz, de Santa Catarina. Foi candidato a vereador pelo PL em Rio do Sul (SC) em 2020, recebeu 98 votos e não foi eleito para o cargo. Nesta quarta, ele se aproximou da entrada do STF por volta das 19h30. Ao chegar perto da estátua da Justiça, ele ativou os artefatos. A explosão, ouvida dentro do prédio, ocorreu após o fim da sessão do plenário. O prédio foi evacuado.
A Polícia Federal informou que vai abrir um inquérito para apurar as explosões. Uma varredura será feita nos prédios da Câmara e do STF nesta quinta-feira (14) — as atividades devem ser retomadas a partir das 12h. O Senado Federal suspendeu os trabalhos.
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Luiz era também o dono do carro encontrado no Planalto após as explosões. A governadora em exercício do DF, Celina Leão, não citou o nome dele, mas confirmou em coletiva à imprensa de que o homem morto é o dono do carro. "É o nome que está circulando na imprensa", disse. Em Roma, na Itália, o governador Ibaneis Rocha (MDB) negou problemas na segurança e afirmou à colunista do UOL Raquel Landim que "maluco tem em todo lugar".
Luiz teria circulado pelo anexo 4 da Câmara durante o dia, segundo informação dada aos deputados pelo chefe de segurança da Casa. O local abriga a maioria dos gabinetes dos parlamentares. A entrada no prédio é liberada para qualquer pessoa. Os visitantes precisam passar por um detector de metal, mas não há revistas.
Ele trabalhou como chaveiro e camelô. À Justiça Eleitoral em 2020, o suspeito informou também ser casado e ter ensino médio incompleto. Nas redes sociais, ele se apresentava como empreendedor, investidor e desenvolvedor.
Em publicações no Facebook, horas antes das explosões, Luiz falou em bombas na casa de lideranças políticas. "Cuidado ao abrir gavetas, armário, estantes, depósito de matérias etc.", escreveu.
"Deixaram a raposa entrar no galinheiro", disse o chaveiro ao postar uma suposta foto no plenário do STF. A Corte informou ao UOL informou que apura a data exata do registro e a veracidade da imagem.
A Câmara estava em votação no momento da explosão no estacionamento. Os deputados discutiam a PEC que amplia a imunidade tributária das igrejas. Com a notícia das explosões, parlamentares reclamaram da continuidade da sessão apesar da "banalização da violência e dos ataques de 8 de Janeiro", em referência aos atos ocorridos também na Praça dos Três Poderes.
Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) suspendeu a sessão às 21h14 após a confirmação da morte. O deputado manteve os trabalhos até o horário com o argumento de que estava "aguardando o chefe da Segurança da Câmara dos Deputados".
O STF divulgou uma nota dizendo que "ministros foram retirados do prédio em segurança". A Corte afirmou que "dois fortes estrondos foram ouvidos". A sessão do Supremo era sobre operações policiais nas favelas do Rio. A sessão contou com autoridades e representantes da sociedade civil. Por isso, o plenário estava mais cheio do que o normal — na hora das explosões, muitos ainda estavam no prédio.
Lula em reunião com ministros
O GSI (Gabinete de Segurança Institucional) reforçou a segurança dos palácios do Planalto, do Alvorada e do Jaburu, residência do vice-presidente, Geraldo Alckmin. O órgão informou que Lula estava bem distante dos locais onde aconteceram as duas explosões.
O presidente recebia os ministros Cristiano Zanin, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes quando as explosões ocorreram. Eles estavam no Palácio do Alvorada e ficaram em segurança durante todo o período.
A situação se manteve tranquila, segundo a Secom (Secretaria de Comunicação Social). O diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, também estava no local.
Lula viaja para o Rio de Janeiro nesta quinta-feira (14), onde participa do G20. Encontro entre chefes de Estado acontece no centro da capital fluminense e vai tratar das periferias do Brasil e do Mundo.
Episódio acontece quase 2 anos após 8 de Janeiro
Atos antidemocráticos terminaram em confronto e depredações. Em 8 de janeiro de 2023, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) marcharam pelo Eixo Monumental e invadiram prédios públicos em Brasília.
À época, Congresso, Planalto e STF foram invadidos. As sedes dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário foram alvo dos manifestantes, inconformados com a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022.
Só na Câmara, danos chegaram a R$ 2,7 milhões. No Senado, o prejuízo foi maior: R$ 3,5 milhões. Já o STF teve R$ 12 milhões em danos e mais de 950 itens furtados.
Diante da situação, o presidente Lula (PT) decretou intervenção federal na Secretaria de Segurança do Distrito Federal. Até hoje, invasores de prédios públicos respondem a processos na Justiça por causa dos episódios.