Supremo recebeu mais de mil ameaças desde os atos golpistas de 8 de Janeiro
Alvo de um atentado nesta quarta-feira (13), o Supremo Tribunal Federal já recebeu ao menos mil ameaças desde o 8 de Janeiro de 2023 e, desde ontem, vem recebendo emails com endosso aos ataques a bomba feitos pelo chaveiro Francisco Wanderley Luiz, que morreu após explodir um artefato em si mesmo.
O que aconteceu
Em coletiva nesta manhã, o diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues, afirmou que ministros receberam ameaças por email após os ataques. O UOL confirmou que, desde a noite de ontem até o meio da tarde desta quinta, a Corte recebeu pelo menos oito emails manifestando apoio à ação de Francisco Wanderley. Além desse episódio específico, as ameaças ao tribunal e seus ministros têm sido frequentes.
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Ameaças também chegam por cartas. O STF também recebe ameaças por correspondência física e até pelos seus canais oficiais, como a ouvidoria e o telefone geral da Corte. O tribunal avalia o risco de cada ameaça e, se for o caso, comunica outras autoridades, como a Polícia Federal.
Muitos dos emails são recebidos de forma criptografada para dificultar a identificação do remetente. Investigadores da PF estão buscando mapear os suspeitos que enviaram mensagens após o atentado de ontem. Os emails foram enviados via plataforma Protonmail, sediada na Suíça e especializada em emails criptografados, o que garante o sigilo das mensagens de ponta a ponta.
Como revelou o UOL, essa plataforma é a mesma que foi utilizada para ameaçar delegados da PF que atuaram em investigações contra bolsonaristas.
Esclarecemo-vos que Francisco Luiz, agora no céu junto com o pai, foi apenas um dos mártires da luta contra voz [sic], a escória satânica do STF.
Trecho de email recebido pelo STF após atentado a bomba na quarta-feira
Responsável por ataque estava fora do radar
Francisco Wanderley Luiz chegou a visitar o STF e o Congresso sem acender o alerta de autoridades. Segundo apurou o UOL, nem a Polícia Federal, nem a Abin e nem a segurança do STF haviam identificado que o chaveiro oferecia risco de promover um ataque como o de quarta.
Autoridades de diferentes agências monitoram diariamente um grande volume de informações nas redes sociais e também nos sistemas de segurança da praça dos Três Poderes. Nem sempre, porém, esse monitoramento consegue confirmar que uma pessoa que faz postagens suspeitas oferece um risco real.
Até o momento, autoridades ainda não encontraram nenhum vínculo de Wanderley Luiz com os ataques de 8 de Janeiro de 2023. Ele esteve no plenário do STF em 24 de agosto deste ano, durante uma visitação de fim de semana em um sábado, quando não havia ministros no tribunal.
Caso é tratado como terrorismo. Apesar de Francisco Wanderley não ter sido rastreado antes, para a PF, está claro que ele tinha objetivo de causar grandes explosões no STF para atingir os ministros. As autoridades encontraram uma bomba acoplada ao seu corpo. Além disso, ele disparou duas bombas em direção à Corte, que não causaram vítimas nem danos no prédio. Depois, deitou em cima de um terceiro explosivo, o que causou sua morte.
Artefatos caseiros e gasolina no extintor. Bombas eram formadas por pólvora dentro de tubos de PVC com pregos e parafusos em volta, o que, segundo os investigadores, mostra que ele tinha a intenção de causar grandes danos e atingir várias pessoas. Francisco Wanderley também levava um extintor de incêndio carregado com gasolina e chegou a deixar um pano embebido em álcool junto à estátua da Justiça, em frente ao STF, o que também indica intenção de causar uma grande explosão.
Bombas no trailer e na casa dele. Além dos artefatos no corpo, a polícia encontrou três explosivos em um trailer que pertencia a Francisco Wanderley e estava em um estacionamento da Câmara dos Deputados. Na casa dele, em Ceilândia (DF), foi encontrado ainda um outro explosivo, que foi acionado por um robô antibombas ao abrir uma gaveta. No carro dele, que explodiu ontem, havia somente fogos de artifício.
Polícia conseguiu preservar o celular. Após a morte, o corpo de Francisco Wanderley ficou estirado na praça dos Três Poderes até que o esquadrão antibomba pudesse desativar o artefato que estava no corpo dele. O procedimento demorou, pois as autoridades agiram com cautela para não perder o aparelho celular que Francisco levava também em sua roupa. O aparelho acabou apreendido e poderá ser periciado pela Polícia Federal.