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Mourão diz que 'Hamas e Hezbollah devem estar rindo' do plano de golpe

Do UOL, em São Paulo

22/11/2024 20h21

O ex-vice-presidente de Bolsonaro, Hamilton Mourão (Republicanos), saiu em defesa dos militares indiciados pela PF por tentativa de golpe de Estado, em seu canal no YouTube. Ele classificou o plano como "sem pé nem cabeça".

O que aconteceu

"Hamas e Hezbollah deve estar rindo do terrorismo brasileiro", disse Mourão. Para ele, o plano descoberto pela operação Contragolpe parece feito por quem nunca foi treinado pelo Exército, "uma fanfarronada".

Ele avalia que a quantidade de militares envolvidos não configura um plano de golpe, já que "meia dúzia de três ou quatro [sic] escreveram bobagens". "Tentativa de golpe tem que ter um apoio de parcela expressiva das Forças Armadas", declarou. "Ninguém dá golpe num país sem ter a Força Armada — nem que seja para proteger a mudança constitucional." O senador também lembrou regimes que passaram por golpes com a ajuda das forças militares, como o de Hugo Chávez. "Mesmo que a tropa não vá para a rua, como eu vi na Venezuela."

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Um troço assim, absurdo. Me parece que jamais teria sido feito por pessoas que tiveram oportunidade de fazer cursos de especialização dentro do Exército —que os capacitaria em melhores condições para ações dessa natureza.

Se meia dúzia de três ou quatro resolveram escrever bobagem, tudo bem. É crime escrever bobagem? Deixo para os juristas, vamos discutir isso. Eu vejo crime quando você parte para a ação. Se tivessem feito uma emboscada para o ministro Alexandre de Moraes, ou para o presidente da República, disparado contra ele? Nada disso aconteceu. Ficou tudo no terreno da imaginação, e uma imaginação bem fértil.
Ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos)

Na verdade, foram 37 indiciados, dos quais 24 são militares, incluindo os generais Braga Netto (PL) e Augusto Heleno (PRD). Eles são suspeitos dos crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

As investigações mostram que o grupo planejou matar o então presidente eleito Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Além do uso de armamento, cogitou-se usar veneno contra Lula e Alckmin. Segundo a PF, o plano contra Moraes chegou a ser posto em movimento, com o monitoramento dos passos do ministro, mas foi abortado de última hora.

O relatório da investigação, de 884 páginas, foi enviado ao STF. As investigações apontaram que os indiciados se estruturaram por divisão de tarefas. Isso teria permitido a "individualização das condutas e a constatação da existência de grupos", segundo a PF.

Joga-se um 'pó de pirlimpimpim' e 'shazam!', saem 37 pessoas indiciadas. Inclusive o presidente do partido de maior oposição, Valdemar Costa Neto [presidente do PL, partido de Bolsonaro]. É algo assim, difícil de se conseguir digerir
Ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos)

Mourão cobra a PGR

O general pediu que a PGR (Procuradoria-Geral da República) trabalhe melhor que a Polícia Federal. "O que existe até agora é a tentativa constante de colocar essa carga nas costas do [ex-] presidente Bolsonaro, do seu circulo imediato e de parcela das Forças Armadas", defende Mourão.

Mourão ainda questionou os métodos de investigação da PF. "A Polícia Federal ficou dois anos 'escarafunchando' celular de todo mundo. A partir do momento que conversa de celular significar crime, estaremos enveredando por um caminho que a gente não sabe onde vai parar".

Desafio qualquer pessoa a entregar seu celular para as autoridades, que elas vão dizer que tem crime ali, dependendo da conversa que você teve, até com a sua própria esposa.

O senador também defendeu anistia para os condenados do 8 de Janeiro, dizendo que "anistia é uma tradição do nosso país". Mourão lembrou momentos históricos brasileiros em que anistias foram concedidas. "O que ocorreu no 8 de Janeiro foi uma baderna, e isso é que tem que ser punido" disse o general. "E não colocar 17 anos de cadeia para quem escreveu na estátua da Justiça 'perdeu, mané'."

Após a eleição de Lula, em 2022, bolsonaristas que não aceitavam o resultado fizeram manifestações pelo país. Eles acamparam na frente de quartéis e pediram intervenção militar para que Lula não assumisse. Caminhoneiros também fecharam estradas. Em 8 de Janeiro de 2023, os manifestantes que estavam acampados em Brasília promoveram ataques aos prédios do STF, do Congresso e do Palácio do Planalto. Centenas foram presos, julgados e condenados pelos atos golpistas.

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