Lula diz que pacote fiscal visa moralizar país: 'Ninguém pode ser malandro'

O pacote fiscal do governo tenta moralizar a concessão de benefícios sociais e gerar inclusão na avaliação de Lula (PT). O presidente ainda defendeu que os mais ricos banquem a isenção no IR (Imposto de Renda) até a faixa de R$ 5.000 e se mostrou favorável à exclusão de quem recebe benefícios sem ter direito.

O que aconteceu

O presidente afirmou que "ninguém pode ser malandro". A declaração foi dada enquanto mencionava a revisão da lista de pessoas que recebem programas sociais do governo, em discurso durante o lançamento do programa Periferia Viva.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que 1 milhão de pessoas não comprovaram ter direito ao BPC (Benefício de Prestação Continuada). O benefício é pago a 6 milhões de brasileiros: 3 milhões de idosos e 3 milhões de cidadãos com deficiência. De acordo com o ministro, um em cada três beneficiados por ser portador de necessidade especial não apresentou laudo médico.

Um mutirão será realizado para resolver a situação. A ideia é usar a estrutura do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para verificar as condições clínicas e excluir pessoas que não se enquadrem nos critérios do BPC.

Lula também defendeu cobrar mais imposto de ricos. A isenção de IR será compensada ao se cobrar 10% de imposto de quem ganha acima de R$ 600 mil por ano. Ele afirmou ainda que a alíquota de 10% é baixa para quem paga, mas permite ajudar os mais carentes.

Então estamos tentando fazer um processo de investigação, quem está recebendo corretamente, quem não está recebendo incorretamente, para a gente poder moralizar o país e o dinheiro dar para cuidar de todas as pessoas.
Lula, no evento

Lula chora

O presidente chorou logo no começo de seu discurso. Ele parou de falar e precisou enxugar os olhos. Quando retomou a palavra, contou sobre uma notícia vista na TV a respeito de 4 milhões de brasileiros que não têm banheiro. Lula falou que morou numa casa com estas condições em São Paulo.

Ele ainda disse que os próximos anos serão de colheita. O presidente lembrou que sua gestão está próxima da metade e afirmou que vai colher os frutos no período que falta.

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Críticas a Campos Neto

O ministro da Casa Civil foi duro com o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto. Na avaliação de Rui Costa, houve indignação por uma atuação política de Campos Neto que estaria alimentando um clima de instabilidade.

A substituição do presidente do BC no final do ano foi comemorada pelo ministro. Ele agradeceu por haver somente mais um mês de mandato de Campos Neto. Acrescentou que depois o Banco Central terá uma gestão técnica com a entrada de Gabriel Galípolo.

Campos Neto foi indicado por Bolsonaro. Ele é alvo constante dos petistas que culpam o atual presidente do BC por juros altos e medidas que, alegam, travam o crescimento do país. A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), reclamou que não houve leilão para segurar o dólar porque havia interesse em desgastar o governo.

A moeda americana alcançou seu recorde histórico. O pacote fiscal foi mal recebido e o valor do dólar superou R$ 6. A especulação financeira também virou arma para bolsonaristas atacarem Lula nas redes sociais.

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