Ex-ministro de Bolsonaro indiciado pela PF lamenta perda da mãe em velório
Indiciado pela Polícia Federal por golpe de Estado e preso em regime domiciliar, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres foi ao velório de sua mãe na tarde deste sábado (30), no cemitério Campo da Esperança em Brasília.
O que aconteceu
Autorização para ir ao velório foi assinada por Alexandre de Moraes. Torres participou da cerimônia de despedida de Maria Gomes da Silva Torres, 70, após conseguir autorização do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) para sair do perímetro em que pode se locomover na cidade devido a medidas cautelares.
Tristeza na despedida. A mãe de Torres faleceu de câncer. Havia passado por transplante de rins recentemente. "Minha mãe era nova", disse o ex-ministro a um amigo durante a cerimônia, vestido com jeans escuro, camisa preta de manga longa e sapatos. "Tem vídeo dela fazendo bolo três meses atrás. Estou muito triste", afirmou.
Torres é delegado de Polícia Federal. Ele é uma das 37 pessoas indiciadas pela própria PF por organização criminosa, golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. O grupo inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu candidato a vice nas últimas eleições, Walter Braga Neto (PL).
Todos os investigados têm negado os crimes apontados pela Polícia Federal. Um dos principais auxiliares da gestão de Jair Bolsonaro (PL), Torres é apontado como disseminador de informações falsas sobre fraudes inexistentes na urna eletrônica e como um dos integrantes do núcleo jurídico que elaborou a minuta de um golpe de Estado para reverter o resultado das eleições de 2022.
Sem contato com investigados. Torres passou mais de uma hora ao lado do caixão, enquanto era abraçado por amigos. Esposa, filhas e familiares recebiam os abraços também. Nenhum dos investigados no caso apareceu, mesmo porque medidas cautelares impostas pelo STF impedem o contato entre os investigados.
Havia cerca de 80 pessoas na capela lotada. Estava lá o ex-diretor geral da PF Márcio Nunes, que foi nomeado por Torres para o cargo. Também colegas do policial na corporação e na Câmara dos Deputados, onde trabalhou por muitos anos como assessor parlamentar de Fernando Francischini (PL-PR). Os deputados do PL Ubiratan Sanderson (RS) e Felipe Francischini (PR), filho do ex-chefe de Torres, foram alguns dos que enviaram algumas das dez coroas de flores.
Foi um "falecimento prematuro", contou uma familiar ao UOL. Um amigo lembrou dos muitos problemas de saúde que Maria teve. À beira do caixão, também havia lamentos para Torres. "É muita injustiça o que o Anderson está sofrendo", reclamava uma mulher. "Isso não é justo", completou. Um amigo disse que isso ia fazer o ex-ministro amadurecer. A mulher respondeu: "Vai amadurecer muito então".
Fé e simplicidade. De preto, o padre iniciou a cerimônia lembrando que Maria era de sua paróquia e tinha as características da fé e da simplicidade. Ele abriu a Bíblia no livro do Evangelho de João, capítulo 11, no qual Jesus consola Marta pela morte do irmão Lázaro: "Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá".
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