Lula fala em mudanças para 2025, mas fecha ano com afago a ministros
O presidente Lula (PT) dispensou broncas e não tratou de possíveis demissões, mas indicou que pretende fazer mudanças para 2025 durante o último encontro ministerial nesta sexta (20) no Palácio da Alvorada.
O que aconteceu
Lula recebeu ministros para um almoço de cerca de 2 horas. Todos os 38 ministros estavam presentes, além das lideranças no Congresso e o secretário especial Celso Amorim.
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Futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo também participou. Lula gravou um vídeo ao lado dele e da equipe econômica para garantir que não interferirá na instituição, o que fez com que o mercado reagisse bem.
Lula marcou uma nova reunião para o começo de janeiro. Em vias de fazer uma nova reforma ministerial, o Planalto não confirma, mas já é esperado que esse novo encontro já conte com novos membros da equipe.
Em clima de fim de ano
Lula não distribuiu recados específicos, como de costume, só avisou que precisa "ter mudanças". Segundo presentes no almoço, o presidente estava de bom humor e incentivou um clima de confraternização, mas não deixou de indicar o que todos já esperavam.
Ele fez uma fala rápida. Durante o almoço, Lula agradeceu pelo empenho da equipe, ponderou algumas vitórias econômicas e sociais e na relação com o Congresso. Também tratou sobre o tempo internado em São Paulo, em clima de piada, e indicou que irá tirar essas duas semanas para descansar.
Também não houve balanço. No primeiro ano, Lula chamou todos para uma reunião formal no Planalto e exigiu que cada um fizesse uma fala rápida com suas conquistas. Neste ano, só ele discursou.
O ruim fica para 2025
Mesmo sem endereço, o recado serviu para indicar o que já era esperado por parte do grupo e pela imprensa: o encontro será o último para alguns. Sem dar nomes ou falar de áreas, como já fez em outras situações, o presidente deixou claro que é preciso fazer "alguns ajustes" para os dois últimos anos.
Ninguém diz ter saído com certezas, só especulações. É esperado que Paulo Pimenta, da Secom (Secretaria de Comunicação Social), deixe a pasta, com possibilidade de ir para a Secretaria-Geral da Presidência, hoje ocupada por Márcio Macêdo.
Com resistência de Lula, José Múcio tem indicado que quer deixar a Defesa. Ele é um dos ministros preferidos do presidente, que só o trocaria por pedido próprio. Se acontecer, o vice-presidente Geraldo Alckmin, atual ministro da Indústria, é um dos ventilados a substituí-lo.
Todo isso se dá às luzes dos dois últimos anos de mandato. Sem esconder que pretende concorrer à reeleição, Lula e o Planalto entendem que a campanha já começa em 2025, com objetivo de melhorar a imagem e avançar na economia.
Também é preciso garantir apoios. Lula pretende compor sua base tanto no Congresso quanto a aliança para a chapa de 2026 por meio de integração no governo. Atualmente, a gestão tem dez partidos e as siglas, em especial do centrão, lutam por mais espaço.
Tudo isso ficou para 2025. Já era esperado que não houvesse demissões hoje, mas muitos ministros foram ao almoço com receio dos recados abertos, peculiares ao presidente.