Gleisi defende Moraes de críticas de Bolsonaro: 'Ataques reforçam culpa'


Do UOL, em São Paulo
27/03/2025 12h17
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), saiu em defesa do ministro do STF Alexandre de Moraes um dia após Jair Bolsonaro (PL) atacá-lo pelo julgamento que tornou o ex-presidente réu por tentativa de golpe.
O que aconteceu
Para Gleisi, "dobrar os ataques e mentiras" contra Moraes ressaltam "acertos" do ministro e "culpa dos investigados". A ministra retomou uma fala de Moraes no julgamento e disse que "não se viam Bíblias na Praça" no 8/1 e que não "foi ataque com batom, foi uma tentativa violenta de golpe de Estado".
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Gleisi defendeu estratégia de Moraes de exibir vídeo sobre ataques do 8 de Janeiro no julgamento. "Ao exibir os vídeos (...), Moraes reavivou a memória da brutalidade que praticaram contra a democracia", escreveu hoje a ministra, nas redes sociais. Ao ler o relatório ontem na Primeira Turma do STF, Moraes mostrou um vídeo feito pelo seu gabinete, com imagens de depredação ao patrimônio no 8 de Janeiro, e afirmou que os registros comprovam que a tentativa de golpe não foi um "passeio no parque".
Exibição de vídeo provocou críticas de advogados dos réus. As defesas reclamaram que o material não estava dentro dos autos e de terem sido surpreendidos pela estratégia de Moraes. A iniciativa do ministro também dividiu opinião entre especialistas em Direito ouvidos pelo UOL.
Bolsonaro atacou Moraes após virar réu. Em pronunciamento a jornalistas logo depois do julgamento, o ex-presidente disse que a acusação contra ele é "muito grave e infundada" e que parece haver "algo pessoal contra mim". Fala de Bolsonaro também foi marcada por declarações distorcidas e falsas, ataques à esquerda e grosserias à imprensa. O ex-presidente negou ter pressionado militares, mas admitiu ter discutido "hipóteses de dispositivos constitucionais".
Contra a anistia
Ministra voltou a rechaçar iniciativas por anistia a investigados, o que beneficiaria Bolsonaro. "Não cabe anistia antes, durante ou depois do julgamento. Cabe a responsabilização, dentro do devido processo legal, de todos os criminosos, em defesa do estado de direito que tentaram abolir", enfatizou.
Bolsonaro e sete aliados viram réus ontem por tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, organização criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Agora, o STF iniciará a ação penal que poderá condená-los ou absolvê-los.