Tarcísio elogia Milei e ataca Lula: 'As pessoas vão se superando no poder'
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), elogiou medidas econômicas de Javier Milei, presidente da Argentina, e criticou de forma velada o presidente Lula (PT) em encontro com executivos na Faria Lima na manhã de hoje.
O que aconteceu
"Política não pode ser o nosso único projeto", afirmou Tarcísio. Numa crítica velada a Lula (que está no terceiro mandato como presidente), o governador classificou a atividade como "uma máquina de moer gente" e disse "você, com o tempo, deixa de se reciclar" — o que, segundo ele, faz com que as pessoas fiquem "superadas".
As pessoas vão se superando no poder, vão ficando superadas. Então, há de se deixar o espaço. E não dá para ter essa preocupação, 'eu vou governar baseado só em pesquisa'. A gente precisa fazer o que precisa ser feito. Porque vai ficar uma conta amarga para ser paga lá na frente. E aí, alguém vai ter que chegar e tomar medidas impopulares para colocar o Brasil no rumo certo.
Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo
Menção a Milei veio neste momento. Para Tarcísio, o presidente "fez isso com muita propriedade na Argentina" e "está fazendo as reformas que são necessárias". "Consequência disso, a inflação está caindo e o fluxo de capital aumentou", disse Tarcísio.
Tarcísio também falou sobre Fernando Haddad (PT): "Coisas que estão sendo feitas terão de ser desfeitas". O governador criticou as mudanças na regra do Imposto de Renda propostas pelo ministro da Fazenda, que isentam de cobrança quem ganha até R$ 5 mil por mês e aumentam os tributos para grandes investidores. Para Tarcísio, a medida é "ruim" e a prioridade do governo deveria ser o corte de gastos.
Eu vejo algumas decisões que estão sendo tomadas com muita preocupação (...) Quando você, por exemplo, abre mão de uma base de pagantes relevante. E aí, resolve fazer o seguinte, eu vou abrir mão dessa base, que é o que todos os países fazem e vou apostar em outra coisa. Eu vou tributar capital e vou tributar o estoque de capital. Ou seja, eu vou destruir poupança e vou impedir o investimento. Aí, é o contrato com o fracasso (...) A gente está tomando decisões erradas que vão fazer com que a gente flerte lá na frente com superinflação e com superendividamento.
Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo
Governador também criticou atuais programas de transferência de renda. Segundo Tarcísio, o Bolsa Família e outras iniciativas existentes hoje não preveem soluções para que os beneficiários deixem de depender da renda proporcionada por eles. Ele chamou isso de "a armadilha em que o Brasil está imerso".
Apesar da crítica, Bolsa Família e outros programas têm efeito comprovado. Levantamentos apontam que a iniciativa permitiu que as mulheres pudessem frequentar escolas e que, até 2021, 69% das pessoas beneficiadas pelo programa desde sua criação, em 2003, conseguiram deixar de ser beneficiários.
Falas de Tarcísio foram elogiadas por integrantes da mesa. Sócio da Galapagos Capital (empresa especializada em investimentos), o executivo Carlos Fonseca afirmou que o governador tem "visão fiscal muito adequada" a certa altura da conversa.
Governador pede "pacificação"
Para Tarcísio, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe no Supremo Tribunal Federal deve ser "um assunto que só vai se discutir isso durante meses". Ele entende que isso impedirá o debate sobre outros temas importantes.
Se a gente ficar imerso nesse tipo de discussão e aí, um evento acaba pautando o país durante anos e a pergunta é: o que a gente vai ganhar com isso? [...] a gente vai continuar perdendo oportunidade (...) Hoje, os pratos estão desequilibrados. Se transferiu muito poder para o próprio Congresso sem transferir junto responsabilidade. O orçamento foi todo para lá. Os ministérios não têm condição de fazer política pública. Isso é uma discussão importante.
Tarcísio de Freitas
"Se a gente não começar a pensar resiliência hídrica, a gente vai ter problema de abastecimento bem aqui na frente", diz Tarcísio. O governador citou a privatização da Sabesp como um movimento no sentido de garantir o fornecimento de água no estado nos próximos anos.
Governador comemorou aumento do percentual de paulistas vacinados. "A gente alcançou mais de 90% em praticamente todas as vacinas. A gente está avançando bastante", disse Tarcísio. Principal fiador da carreira política do governador, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se posicionou contra a vacina para a covid-19 em diversos momentos.
"As pessoas não têm ainda a percepção de segurança e tem um longo trabalho a se fazer", admite governador. Tarcísio afirmou que 19 mil novos profissionais devem ser incorporados à área até o fim do ano e destacou os baixos indicadores registrados para homicídios, roubos e outros crimes.
Criação do novo centro administrativo também foi lembrada. "Quem está longe do Centro de São Paulo, começa a olhar o Centro, vai investir no Centro. A gente vai transformar", disse Tarcísio, que informou que deve investir R$ 4,7 bilhões no empreendimento.