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Ida de sede do governo para o centro mantém Tarcísio morando em palácio

Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de SP - Divulgação/Governo de SP
Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de SP Imagem: Divulgação/Governo de SP

Tarcísio de Freitas (Republicanos) estuda transferir para o centro de São Paulo a sede administrativa do governo do estado, mas deve manter a residência oficial no Palácio dos Bandeirantes, no bairro nobre do Morumbi, na zona oeste.

Hoje, o prédio serve como casa e local de trabalho para o governador.

O que aconteceu?

O projeto de transferir a sede é uma promessa de campanha. Tarcísio defende que a mudança para a região onde fica a "cracolândia" ajudaria a requalificar o centro. A ideia é construir na região central um novo complexo de prédios que servirá como local de trabalho para o governador, o vice e também para os secretários.

O Palácio dos Campos Elíseos, na região central, que já abrigou a sede administrativa, deve ser requalificado pelo novo complexo. O prédio abriga hoje o Museu das Favelas.

A Fipe vai avaliar transferência; acordo foi assinado no último dia 1º. Pelo documento, o governo se comprometeu a pagar R$ 15,5 milhões à instituição para que a entidade analise num prazo de 30 meses a viabilidade econômica de transferir a sede administrativa para o centro de São Paulo.

Mudança da residência oficial, no entanto, não é vista como prioridade no momento. A ala residencial do Bandeirantes tem 668 metros quadrados. Conforme o governo do estado, o espaço inaugurado em 1965 abriga aproximadamente 4 mil itens — entre móveis, obras de arte e outros objetos.

A primeira-dama, Cristiane Freitas, gosta do Morumbi, dizem interlocutores de Tarcísio. O governador mantinha um apartamento no bairro antes da eleição. Hoje, o casal vive na ala residencial do palácio.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e a primeira-dama, Cristiane, no Palácio dos Bandeirantes, sede e residência oficial  - Flickr/Governo de São Paulo - Flickr/Governo de São Paulo
1.jan.2023 - Tarcísio e a esposa, Cristiane, no Palácio dos Bandeirantes; casal mora no local desde a posse
Imagem: Flickr/Governo de São Paulo

O que mais se sabe sobre o projeto?

Sedes de secretarias devem ser vendidas para financiar novo complexo. Localizados em Pinheiros e no Itaim Bibi, bairros nobres da cidade, os prédios das secretarias do Meio Ambiente e de Parcerias em Investimentos estão em áreas com metro quadrado avaliado em mais de R$ 12 mil — valor três vezes maior do que o verificado no centro. O plano é vender essas construções para financiar o projeto na região central.

Construções que são tombadas não serão vendidas. É o caso da antiga escola Caetano de Campos, na Praça da República — que hoje abriga a Secretaria de Educação do estado—, e dos prédios da Secretaria de Justiça, na região do Pátio do Colégio. A ideia é que elas se tornem museus. Já a sede da CDHU e outros imóveis na rua Boa Vista, também no centro, devem dar lugar a imóveis habitacionais.

A expectativa é reduzir custos com as mudanças. Além de as secretarias estarem mais próximas, o que reduziria os gastos com deslocamentos, alocá-las em uma área menor e em prédios mais modernos poderia diminuir as despesas com água e energia e custos de manutenção, segundo o governo do estado.

O prefeito de São Paulo é favorável ao projeto, mas destacou sua complexidade. Ricardo Nunes (MDB) espera o apoio de Tarcísio na eleição municipal do próximo ano. Prefeitura e governo do estado têm um plano conjunto de enfrentamento à "cracolândia".

A meta é ter parte do novo complexo administrativo pronta até 2026, quando termina o atual mandato de Tarcísio. Embora estime que a execução do projeto vá demorar mais que quatro anos, o secretário de projetos estratégicos de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, acredita que as primeiras construções estejam de pé antes do fim da gestão e que as obras se estendam por mais alguns anos.

Afif já havia proposto a mudança da sede administrativa para o Centro. O secretário foi vice-governador de Geraldo Alckmin (então PSDB) entre 2011 e 2014, mas a ideia não saiu do papel.

O Bandeirantes tem 21 mil metros quadrados de área construída e um jardim de quase 125 mil metros quadrados. O espaço também conta com heliponto e obras de arte. Alckmin e José Serra (PSDB) moraram lá quando governadores. João Doria (então PSDB), só no auge da pandemia, após relatar ameaças.

Detalhes do interior do Palácio dos Bandeirantes - Flickr/Governo de São Paulo - Flickr/Governo de São Paulo
Bandeirantes tem 21 mil metros quadrados de área construída e obras de arte
Imagem: Flickr/Governo de São Paulo

O que dizem os envolvidos?

Hoje, a administração pública estadual está espalhada por 56 edifícios e ocupa 807 mil m² de área, quando a nossa necessidade é de 300 mil m². Há ineficiência de ocupação de espaço e em termos de recursos. Transferir o poder público para o centro traz também a segurança, a circulação de pessoas, os hotéis, os restaurantes e você começa a ter atividade de novo" Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, na assinatura do estudo com a Fipe

A Secretaria Especial de Projetos Estratégicos considera que a transferência da residência oficial não é a prioridade nos estudos de viabilidade do projeto de transferência da estrutura de governo para o Centro. A realocação dos cerca de 24.000 funcionários públicos estaduais, para um único local, sim" Secretaria Especial de Projetos Estratégicos, em nota enviada ao UOL

Outros palácios

O Palácio Boa Vista, em Campos do Jordão, também é usado pelo governador paulista —conforme a necessidade. O prédio, erguido em 1964, tem quase 4 mil metros quadrados.

O Palácio do Horto Florestal, antiga residência de verão, foi concedido à iniciativa privada em 2022.

Como é em outros estados?

Palácio da Abolição, no Ceará - Tuago Stille/Governo do Ceará - Tuago Stille/Governo do Ceará
Palácio da Abolição, no Ceará
Imagem: Tuago Stille/Governo do Ceará

No Brasil há, pelo menos, oito palácios que funcionam como residências oficiais estaduais. Um levantamento feito pelo UOL via Lei de Acesso à Informação localizou construções do tipo no Ceará, Espírito Santo, Paraíba, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo.

Só o Palácio da Abolição, no Ceará, custou quase R$ 200 mil aos cofres públicos em 2022. Os números foram informados pelo governo do estado. O imóvel fica em terreno de 2800 metros quadrados que pertencia a Carlos Gracie, um dos pioneiros do jiu-jitsu no Brasil, e foi inaugurado em 1970.

Casa do Governador (ES), Fazenda Adalberto Soares (PB) e os palácios das Laranjeiras (RJ), Piratini e das Hortênsias (ambos no Rio Grande do Sul) completam a lista de residências oficiais estaduais brasileiras fora de São Paulo. Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Rondônia e Sergipe são alguns dos estados que informaram não contar com imóveis do tipo.

Outros dez prédios já serviram como residências oficiais estaduais e hoje não desempenham mais esse papel. São eles:

  • Palácio de Guaramiranga, residência de verão do Governo do Ceará entre 1978 e 1990 (hoje, um hotel escola)
  • Casa no município Santa Teresa, pertencente ao Governo do Espírito Santo entre 1967 e 2011 (quando foi doada ao SESC)
  • Palacinho, residência oficial do vice-governador gaúcho até 2017 (hoje, sede da Fundação Orquestra Sinfônica de Porto Alegre)
  • Residência do Comandante Geral da Brigada Militar gaúcha (hoje, aos cuidados da corporação)
  • Palácio do Horto Florestal, antiga residência de verão do governador paulista (concedido à iniciativa privada)
  • Palácio Olímpio Campos, residência oficial do governo de Sergipe (transformado em museu em 2010)
  • Palácio de Veraneio, residência de verão do governo de Sergipe (desmobilizado em 2021)
  • Palácio das Mangabeiras, residência oficial do governo de Minas (virou centro de exposição em 2019)
  • Granja do Canguiri, residência oficial do governo do Paraná (cedida à Secretaria de Educação em 2019)
  • Ilha das Cobras, residência de verão do governo do Paraná (cedida à Secretaria de Educação em 2019)
Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado em versão anterior, a foto mostrava o Mausoléu Castelo Branco, e não o Palácio da Abolição, no Ceará. A informação foi corrigida.