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'Se virar jacaré, é problema seu': o que Bolsonaro já disse sobre vacinas

O ex-presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia de covid-19 - Adriano Machado/Reuters
O ex-presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia de covid-19 Imagem: Adriano Machado/Reuters

Colaboração para o UOL

03/05/2023 12h56

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi alvo, nesta quarta-feira (3), de mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal (PF). A operação ocorreu no âmbito de uma investigação que apura se o ex-presidente adulterou dados de seu cartão de vacinação para que conseguisse entrar nos Estados Unidos.

Após sair de sua casa em Brasília, ainda hoje, Bolsonaro negou que tenha modificado os dados. "Não existe adulteração. Eu não tomei a vacina e ponto final. Nunca neguei isso", afirmou. Segundo o ex-presidente, a operação da PF seria uma tentativa de "criar um fato".

"Não tomei a vacina após ler a bula da Pfizer. Minha esposa foi vacinada em 2021, nos Estados Unidos, com a Janssen, e minha filha Laura, de 12 anos, também não tomou vacina", completou o ex-presidente.

Durante seu mandato, Bolsonaro fez diversas declarações contra imunizantes, além de estar envolvido em acusações sobre a compra de vacinas. Relembre:

"Não vou tomar vacina e ponto final"

  • 15 de dezembro de 2020

Em um evento em São Paulo, o ex-presidente afirmou que não tomaria a vacina contra o coronavírus.

Eu, Jair Bolsonaro, não sou contra a vacina. Mas sou plenamente favorável a esse tratamento que nós temos no Brasil. Eu não posso falar como cidadão uma coisa e como presidente outra. Mas, como sempre, eu nunca fugi da verdade, eu te digo: eu não vou tomar vacina e ponto final. Se alguém acha que a minha vida está em risco, o problema é meu. E ponto final.

Na mesma ocasião, Bolsonaro disse que a covid-19 era "como uma chuva". "Vai pegar em todo mundo. Nós devemos respeitar quem não quiser tomar", completou.

"Se virar jacaré, é problema seu"

  • 17 de dezembro de 2020
Em evento em Porto Seguro (BA), Bolsonaro voltou a dizer que não tomaria a vacina. O ex-presidente afirmou, ainda, que era "imbecil ou idiota" quem afirmava que ele dava um mau exemplo.
Alguns falam que eu estou dando um péssimo exemplo. Ou é imbecil, ou idiota que está dizendo que eu dou péssimo exemplo, eu já tive o vírus. Eu já tenho anticorpos. Pra que tomar vacina de novo?
E na Pfizer [contrato da Pfizer] tem lá: nós [Pfizer] não nos responsabilizados. Se eu virar um jacaré, se você virar super-homem, se nascer barba em alguma mulher, ou algum homem começar a falar fino...E o que é pior: mexer no sistema imunológico das pessoas.

"A pressa da vacina não se justifica"

  • 19 de dezembro de 2020

Dias depois, Bolsonaro afirmou para apoiadores que a vacina contra a covid-19 não seria obrigatória "e ponto final".

O Programa Nacional da Vacinação, incluindo as vacinas obrigatórias, é de 1975. A lei atual incluiu a questão da pandemia. Mas a lei é bem clara e quem define isso é o Ministério da Saúde. O meu ministro da Saúde [Eduardo Pazuello] já disse, claramente, que não será obrigatória esta vacina e ponto final.

No mesmo dia, Bolsonaro disse que "a pressa da vacina" não se justificava, e que a pandemia estava "chegando ao fim". A fala ocorreu em um vídeo no canal do YouTube de um de seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Temos uma pequena ascensão agora, que chama de pequeno repique que pode acontecer, mas a pressa da vacina não se justifica porque você mexe com a vida das pessoas, você vai inocular algo em você.

"Não há comprovação científica"

  • 22 de janeiro de 2021

Quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia aprovado o uso da CoronaVac, Bolsonaro continuava questionando as vacinas.

Eu não posso obrigar ninguém a tomar vacina, como um governador um tempo atrás falou que ia obrigar [referência a João Doria, então governador de São Paulo]. Eu não sou inconsequente a esse ponto. Ela tem que ser voluntária, afinal de contas, não está nada comprovado cientificamente com essa vacina aí.

E-mails da Pfizer

  • 13 de maio de 2021

Em depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da covid, o presidente da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, afirmou que o então presidente e o Ministério da Saúde ignoraram ao menos cinco ofertas de vacinas feitas pela empresa.

A primeira oferta, segundo Murillo, foi feita em 26 de agosto de 2020. O governo só comprou as vacinas da Pfizer em 19 de março de 2021.

  • 4 de junho de 2021

Ainda com dados da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que a gestão de Bolsonaro deixou de responder 53 e-mails da Pfizer a respeito da compra de vacinas.

US$ 1 por vacina

  • 22 de junho de 2021

Documentos do Ministério das Relações Exteriores obtidos pelo jornal O Estado de S.Paulo mostraram que o governo Bolsonaro comprou a vacina indiana Covaxin por um preço 1.000% maior do que era anunciado pela própria fabricante.

A ordem para a aquisição da vacina partiu pessoalmente de Bolsonaro.

  • 29 de junho de 2021

À Folha de S.Paulo, o representante de uma vendedora de vacinas afirmou que recebeu um pedido de propina de US$ 1 por dose durante o governo de Jair Bolsonaro.

Vacina e a Aids

  • 21 de outubro de 2021

Durante a inauguração de um trecho da transposição do Rio São Francisco, na Paraíba, Bolsonaro reafirmou que não tomaria o imunizante contra a covid-19.

Não tomei a vacina. Quem quiser seguir o meu exemplo, que siga.

Em uma live no Facebook no mesmo dia, Bolsonaro associou a vacina à Aids - relação que não existe. Depois, a transmissão foi retirada do ar pela plataforma.

Só vou dar a notícia, não vou comentar. Já falei sobre isso no passado, apanhei muito. Vamos lá: 'Relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados [?] estão desenvolvendo síndrome da imunodeficiência adquirida muito mais rápido do que o previsto'. Recomendo, leiam a matéria, não vou ler aqui porque posso ter problema com a minha live, não quero que caia a live aqui, quero dar informações.

Vacinação infantil

  • 6 de janeiro de 2022

O ex-presidente voltou a atacar a vacina em uma entrevista no início de 2022. Na ocasião, ele minimizou a morte de crianças por covid-19 e atacou a Anvisa pela aprovação de um imunizante para os pequenos.

Eu pergunto: você tem conhecimento de uma criança de 5 a 11 anos que tenha morrido de Covid? Eu não tenho. Na minha frente tem umas dez pessoas aqui, se alguém tem, levante o braço. Ninguém levantou o braço na minha frente. Você vai vacinar o teu filho contra algo que o jovem, por si só, uma vez pegando o vírus, a possibilidade dele morrer é quase zero? O que está por trás disso? Qual o interesse da Anvisa por trás disso aí? Qual o interesse daquelas pessoas taradas por vacina?

"Deixa eu morrer"

  • 31 de março de 2022

Mais uma vez, Bolsonaro disse que não tomaria a vacina e que o problema era dele.

O problema é meu, a vida é minha. 'Ah, ele não tomou vacina'. Pô, tem gente que quer que eu morra e fica me enchendo o saco para eu tomar vacina. Deixa eu morrer.

"Não tinha vacina em 2020"

  • 20 de outubro de 2022

Às vésperas do segundo turno das eleições, Bolsonaro disse, em entrevista, que não houve atraso na vacinação no país. Segundo ele, não havia vacinas à venda em 2020 - o que não é verdade.

Nenhuma vacina foi vendida em 2020. Não tinha vacina. Começou a cobrança de vacina pra cima de mim. Não tinha vacina em 2020. Não tinha em lugar nenhum.[...] Me aponte qual país do mundo comprou uma dose de vacina. A primeira vacina foi em dezembro de 2020. A primeira vacina aplicada no mundo foi no Reino Unido em 2020.