O fluxo da região classificada como "cracolândia", no centro da cidade São Paulo, apresenta seu habitual movimento na noite da sexta-feira, 30 de agosto.
É uma região que flutua entre as estações ferroviárias da Luz e Júlio Prestes e a avenida Rio Branco, no eixo noroeste da região central de São Paulo. Desde os anos 1990, as ruas mudam, mas o consumo e tráfico de drogas continuam operando entre as antigas alamedas do outrora nobre Campos Elíseos. Desde o desmonte das estruturas que recebiam os que chegavam à capital paulista —entre elas, uma antiga estação rodoviária—, os dias nesse eixo são assim.
Um emaranhado de barracas, pessoas e lixo se aglomera na esquina da alameda Cleveland, próximo a uma das entradas da estação da Luz. As pessoas, vulneráveis devido à situação de pobreza e de consumo excessivo de drogas, vão e voltam desse local. Já passaram por outras vias, como a Dino Bueno e a General Osório, e agora estendem seu tapete de lonas e plásticos sobre este trecho.
Na rua Helvétia um homem na faixa dos 40 anos, sem camisa sob a temperatura de 23ºC daquele dia, explica aos berros o que, segundo ele, é o recado do novo "comando".
"Respeita o traficante e respeita o usuário. A ordem do fluxo agora é essa.
Naquela sexta, completavam-se oito dias desde a detenção de 17 suspeitos de tráfico em uma operação com 560 agentes de segurança liderados pelo Denarc (Divisão de Narcóticos). As lonas, no entanto, haviam sido estendidas novamente.
As duas idas da reportagem ao local aconteceram em meio à especulação de uma mudança de endereço do "fluxo" para uma região entre os metrôs Armênia e Tietê na zona norte de São Paulo. Especialistas e frequentadores da região da Luz têm batido na tecla de que a Cracolândia não é apenas um espaço físico, mas um conjunto de pessoas que transitam pelo centro da capital paulista.