O presidente Jair Bolsonaro participou hoje de seu primeiro desfile de 7 de Setembro como presidente do Brasil. Após duas semanas tensas, com repercussões negativas das queimadas na Amazônia e uma conversa espinhosa via imprensa com a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet, o chefe do Estado brasileiro distribuiu sorrisos em seu ambiente mais natural -- o círculo militar.
Viu-se um presidente esforçado em demonstrar popularidade, e assim contrariar a última pesquisa Datafolha, que o coloca como o morador do Palácio da Alvorada com a maior rejeição aos 8 meses de governo entre os últimos quatro presidentes eleitos.
Após o desfile, no Facebook, Bolsonaro comentou sua caminhada em direção ao público, que quebrou o protocolo da cerimônia: "Seguranças ficaram preocupados, mas é um pequeno risco que a gente corre. Mas a gente acredita que com isso aí, com esse pequeno risco, a gente ajuda a despertar mais o sentimento patriótico do povo brasileiro."
Bolsonaro ganhou reforço de peso para sua imagem: Silvio Santos e Edir Macedo, dois grandes mestres das massas, estiveram ao lado direito e esquerdo do presidente no palanque.
O vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, Guilherme Derrite (PP-SP), afirmou que Bolsonaro deu uma demonstração de força política ao reunir no palanque também o presidente do Senado, o 1º vice-presidente da Câmara, ministros, empresários e outras autoridades.
Segundo Derrite, o desfile é histórico porque é o primeiro do presidente que tem fortes laços com as Forças Armadas e que faz questão de quebrar protocolos para se manter próximo do povo.
"Ele tem essa maneira sincera e espontânea de tratar as pessoas. É simples e faz questão de estar próximo da população para receber elogios ou críticas construtivas. Ele deve celebrar depois de um momento onde nossa soberania foi questionada no caso da Amazônia e ele se posicionou de maneira firme", disse.
Na avaliação do vice-líder da oposição na Câmara, Aliel Machado (PSB-PR), o governo defende o verde e amarelo no discurso político, celebra o 7 de Setembro, mas expõe o país a diversas crises diante dos destemperos do presidente.
O parlamentar declarou que a gestão Bolsonaro prioriza uma relação com os Estados Unidos, ignora aliados históricos e cria problemas com parceiros comerciais importantes na Europa e na Ásia.
"O momento é de preocupação. O governo erra bastante ao se envolver em diversas polêmicas e isso pode ter um reflexo negativo na imagem do país e na economia. Esperamos que a temperatura abaixe e presidente faça uma reflexão em uma data tão importante", afirmou.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), endossa: "Estão se desfazendo das riquezas nacionais. A população está tomando consciência dos erros que estão sendo cometidos".
Já o líder tucano na Casa, o senador Roberto Rocha (PSDB-MA), foi um dos parlamentares que acompanhou o desfile ao lado de Bolsonaro. Segundo ele, a área destinada a autoridades estava repleta de deputados e senadores, uma demonstração da força política do governo.