Sem emprego e sem renda, a manicure Odila Chaves, 36, também perdeu o teto no fim de maio, em uma reintegração de posse. Ela vivia em um terreno ao lado do conjunto habitacional na Avenida General Penha Brasil, Vila Dionísia, na zona norte, com mais 200 famílias. As casas, basicamente construídas com madeira, telha e placas de compensado, foram demolidas por uma retroescavadeira.
A reportagem esteve no local no dia da reintegração e encontrou famílias tentando recuperar seus pertences e preocupadas com a falta de lugar para dormir.
"A gente está aqui na luta há seis meses, porque o aluguel está difícil. Eles não dão chance para ninguém ter uma dignidade. Estão colocando mãe e pai de família desempregado na rua. Estão tirando as pessoas como se não fossem nada. A gente está saindo com uma mão na frente e outra atrás", diz Chaves, 36 anos.
Ela conta que, junto com o marido, pagava aluguel de R$ 950 no imóvel onde morava com os seis filhos. Mas, em fevereiro deste ano, foram despejados, porque não tinham como arcar com a despesa.
História semelhante é a do feirante Anderson Eduardo, 32, que foi demitido por causa da pandemia. Ele tinha comprado um freezer usado e estava vendendo bebidas na comunidade, além de alguns bicos para garantir o sustento dos três filhos. "Agora minha esposa e as crianças foram para um lado, eu vou para a Barra Funda e estou tentando garantir que ao menos a geladeira e o fogão fiquem a salvo."