Crianças, adolescentes, grávidas, adultos e idosos. Negros, pobres e marginalizados. Todos eles acostumados a condições sanitárias desumanas. Enquanto muita gente não consegue comprar álcool em gel e máscaras, as cerca de cem pessoas que ocupam um casarão no centro do Rio têm uma preocupação maior.
"A fome nos preocupa mais que o coronavírus. Temos medo da doença, mas estamos em necessidade extrema. Passamos fome. Sobrevivemos de doações. Saímos das ruas para ter um teto, apenas isso. Havia muito lixo, ratos, baratas, cupins e esgoto aparente [quando ocupamos o casarão], mas era melhor que a rua", diz o ex-traficante Sergio Teixeira, 35, que virou camelô após largar o crime.
O isolamento social é difícil de ser cumprido pelos camelôs, moradores de rua, catadores de lixo e desempregados que dividem os cômodos do casarão da rua Washington Luís —a ocupação não tem luz ou água nas torneiras.